Justiça do Japão pede prisão de brasileiro que dirigia a Nissan

Nesta quinta-feira (22), o conselho administrativo decidiu pelo afastamento de Carlos Ghosn da presidência da empresa

Escrito por Agência Brasil / AFP ,

A Promotoria de Justiça de Tóquio, no Japão, que determinou a prisão do franco-brasileiro Carlos Ghosn, o ex-CEO [executivo] da Nissan Motor, por maquiar dados sobre lucros e outras irregularidades. O executivo está detido desde a última segunda-feira (19).

Ghosn é suspeito de instruir diretamente um assessor, por e-mail, a pagar US$ 1,5 milhão para reformar sua casa, no Líbano.

Há informações de que Ghosn enviou um e-mail orientando um assessor para providenciar o pagamento para a casa do Líbano, levantando dúvidas sobre sua conduta como executivo.

De acordo com dados, ainda sob apuração, o imóvel foi comprado por US$ 9 milhões. Pelo menos R$ 6 milhões foram gastos nas reformas.

Ghosn nega que tenha transmitido orientações via e-mail ao diretor-representante da Nissan, Greg Kelly. Kelly está detido por seu envolvimento na alegada má-conduta financeira.

Há três dias, Ghosn foi preso sob a acusação de subestimar sua renda em 5 bilhões de ienes (o equivalente a US$ 44 milhões), nos relatórios de valores mobiliários.

Ghosn foi acusado de fazer a Nissan comprar residências de luxo para ele usando os fundos de investimento da empresa, inclusive no Rio de Janeiro, Brasil e Beirute, no Líbano.

Afastado por votação unânime

O conselho administrativo da Nissan aprovou nesta quinta-feira (22) de forma unânime o afastamento de Carlos Ghosn de seu cargo de presidente, dois dias depois de sua prisão em Tóquio, informou a imprensa local.

"Depois de analisar um relatório detalhado da investigação interna, a diretoria votou por unanimidade para dispensar Carlos Ghosn como presidente do conselho", afirma o comunicado.

A reunião aconteceu na sede do grupo, em Yokohama, com duração de cerca de duas horas. A portas fechadas, seis homens e uma mulher decidiram o destino do até então CEO da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Motors

Ghosn permanece em silêncio em uma cela de um centro de detenção da capital japonesa

De acordo com uma fonte próxima à diretoria do grupo, qualquer outro cenário seria improvável. "A proposta não seria submetida à votação se existisse qualquer dúvida", declarou. 

Hiroto Saikawa, diretor executivo da montadora desde abril de 2017, coordenou os debates. A princípio um substituto interino será designado, provavelmente Saikawa, que já foi o braço direito de Ghosn, mas que criticou o executivo duramente na segunda-feira. 

Além disso, a Procuradoria deve conceder uma entrevista coletiva. As revelações sobre as atividades do executivo de 64 anos não param de ser divulgadas pela imprensa nipônica. 

A Mitsubishi Motors (MMC) também prevê a demissão de Ghosn em um conselho na próxima semana. 

Na Renault prevalece a prudência. O conselho de administração pediu a Nissan que transmita o "conjunto das informações que possui no âmbito das investigações internas contra Ghosn". 

A montadora francesa nomeou Thierry Bolloré, número dois da empresa, para assumir o posto de Ghosn de forma interina.