Indulto a separatistas e alta de impostos travam acordo para formar governo na Espanha

Nesta terça (17), os líderes dos partidos se reúnem de forma separada com o rei Felipe 6º, para dizerem se há acordo para uma nova votação de investidura do governo

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Pedro Sánchez assumiu o cargo de premiê em junho de 2018, depois que o governo de Mariano Rajoy (PP) caiu após ser alvo de denúncias de corrupção
Foto: AFP

Na última semana para chegar a um acordo que lhe permita seguir no governo da Espanha, o premiê Pedro Sánchez teve novas derrotas. Com isso, crescem chances de que o país tenha sua quarta votação geral em quatro anos. Houve eleições gerais em abril, mas cinco meses depois nada está resolvido. 

O PSOE, de Sánchez, foi o partido mais votado, mas precisa de ajuda para formar maioria. O caminho natural seria se unir à coligação Unidas Podemos, pois ambos são de esquerda. No entanto, não houve acordo.

Liderada por Pablo Iglesias, a Podemos quer integrar o governo em troca de apoio, mas não houve acerto sobre quais cargos seriam entregues. O partido quer ministérios com mais poder, algo que Sánchez nega. 

"Para nós, compartir responsabilidades é o razoável. Em um governo progressista não é razoável que estejam representados apenas os 7 milhões de pessoas que votaram no PSOE", disse Pablo Iglesias nesta terça, em entrevista coletiva. 

Sem acordo, a Podemos prometeu se abster, o que facilita o caminho para Sánchez, que pode obter a aprovação do governo por maioria simples (mais de 50% dos votos dos parlamentares presentes). Mas, para isso, precisa que os demais partidos não votem contra ele. Então, Sánchez agora busca acordo com a direita. O premiê negocia com Cidadãos e PP para que também se abstenham, o que abriria caminho para a formação do governo. 

Rivera pede três coisas: que Sánchez se comprometa a não dar indulto aos separatistas catalães presos e que seja dissolvido o governo regional de Navarra, formado por legendas separatistas, e que não haja aumentos de impostos e de gastos públicos.

O PSOE segue reticente em atender a estas demandas de forma plena. E o Cidadãos deu uma resposta ríspida na manhã desta terça-feira. "Acabo de falar com Pedro Sánchez. Sua resposta à solução que estamos oferecendo nega a realidade e é uma provocação aos espanhóis. Peço que a retifique, volte ao constitucionalismo e permita o desbloqueio da Espanha", publicou em uma rede social Albert Rivera, líder do Cidadãos.

A aproximação com a direita melindrou ainda mais a Unidas Podemos, que deixou no ar a possibilidade de mudar sua posição de abstenção caso haja acerto com Cidadãos e PP. 

Nesta terça (17), os líderes dos partidos se reúnem de forma separada com o rei Felipe 6º, para dizerem se há acordo para uma nova votação de investidura do governo. Em caso positivo, o Parlamento realizará debates e votações até segunda que vem (23), data limite para a aprovação. Se não houver consenso, a legislatura atual é dissolvida pelo rei e novas eleições serão marcadas para novembro. 

Sánchez assumiu o cargo de premiê em junho de 2018, depois que o governo de Mariano Rajoy (PP) caiu após ser alvo de denúncias de corrupção. Apesar da vitória nas eleições de abril de 2019, o PSOE já teve a investidura ao governo negada em duas votações no Parlamento.