Hondurenhos organizam nova caravana migratória rumo aos EUA

Desde outubro do ano passado, pelo menos quatro caravanas com destino aos EUA foram registradas

Escrito por AFP ,
Legenda: A onda migratória, que também conta com salvadorenhos, guatemaltecos e mexicanos, irrita o presidente americano Donald Trump
Foto: Foto: Ulises Ruiz / AFP

Quase mil hondurenhos se reuniram na terça-feira (9) à noite na cidade de San Pedro Sula, norte do país, para iniciarem uma nova caravana migratória rumo aos Estados Unidos.

"Há mais de 800, quase 1.000 pessoas reunidas", afirmou uma fonte policial.

A caravana, convocada pelas redes sociais, surpreendeu as autoridades, que acreditavam que o movimento fosse ignorado pelos migrantes, como havia acontecido diversas vezes desde fevereiro.

Desde 13 de outubro, quando saiu a primeira caravana com quase 2 mil pessoas, ao menos outras três caravanas foram registradas, com migrantes que tentam fugir do desemprego, da falta de oportunidades e do terror espalhados pelas gangues e narcotraficantes.

A avalanche humana, que também contou com salvadorenhos, guatemaltecos e mexicanos, irritou o presidente americano, Donald Trump, que chegou a mobilizar tropas militares para bloquear a passagem destas pessoas na fronteira com o México.

O novo movimento migratório acontece no momento em que Trump tenta endurecer a política de imigração, com um aumento do número de detenções de migrantes clandestinos na fronteira.

No fim de semana, a secretária de Segurança Interna (DHS) dos Estados Unidos, Kirstjen Nielsen, responsável por administrar a questão da fronteira, renunciou ao cargo em meio a tensões com o presidente.

Trump viajou na sexta-feira (5) com Nielsen à fronteira com o México, onde deseja a construção de um muro de 3 mil quilômetros. Ele afirmou que os Estados Unidos estão "lotados", em referência aos migrantes.

O presidente reclama com frequência das leis de seu país em termos de imigração, que considera muito liberais, e luta no Congresso para financiar a construção do muro, uma de suas principais promessas de campanha em 2016.

Nem os militares e as cercas de arame farpado foram suficientes para dissuadir os hondurenhos, que saem de forma permanente (300 pessoas em média por dia) pela fronteira com a Guatemala.

"Todos as noites saem até seis ônibus cheios (de migrantes) para a fronteira. Vão de 30 a 50 passageiros em cada um", afirmou à AFP Franklin Paz, despachante de 28 anos da empresa de transporte Congolón, que vende passagens.

Da mesma forma que saem muitos hondurenhos, os deportados chegam ao país.

O governo informou que na terça-feira um voo procedente de San Antonio, Texas, chegou a San Pedro Sula, com 25 pessoas, 12 adultos e 13 menores de idade.

A Direção Geral de Proteção ao Hondurenho Migrante informou que o país recebe a cada dia dois voos de deportados e até 16 ônibus com quase 750 pessoas procedentes do México.

Até 31 de março o país registrou o retorno de 19.605 hondurenhos, mais de 8.000 procedentes dos Estados Unidos e mais de 10.000 do México.