Governo líbio suspende participação em negociações de Genebra

O Governo de União Nacional (GNA) condenou as "violações cometidas antes e durante a trégua", as quais classifica de "crimes de guerra documentados" que precisam de "ordens de detenção" internacionais

Escrito por AFP ,

O governo líbio de União Nacional (GNA), baseado em Trípoli e reconhecido pela ONU, anunciou nesta quarta-feira (19) que suspende sua participação na comissão militar conjunta em Genebra, enquanto o homem forte do leste do país, marechal Khalifa Haftar, reuniu-se com o ministro russo da Defesa em Moscou.

"Anunciamos a suspensão da nossa participação nas negociações militares que acontecem em Genebra até que se adotem disposições firmes contra o agressor (Haftar) e suas violações" da trégua, afirmou o GNA em comunicado.

Já a missão da ONU na Líbia (Manul) disse "esperar retomar" as negociações e manifestou sua "firme condenação do bombardeio do porto de Trípoli ontem (terça) pelo Exército nacional líbio" (ANL, as forças do marechal Haftar).

Na terça (18), os portos de Trípoli e de Al-Shaab foram alvo de mais de 15 foguetes, apesar da entrada em vigor, em janeiro, de um cessar-fogo frágil e pouco respeitado. Segundo Amin al-Hashemi, porta-voz do Ministério da Saúde do GNA, três civis morreram e outros cinco ficaram feridos.

O GNA também condenou as "violações cometidas antes e durante a trégua", as quais classifica de "crimes de guerra documentados" que precisam de "ordens de detenção" internacionais.

Na terça-feira, os beligerantes líbios iniciaram uma nova série de negociações militares indiretas, na presença do enviado das Nações Unidas para a Líbia, Hassan Salamé. "Sem um cessar-fogo duradouro as negociações não têm qualquer sentido. Não pode haver paz sob os bombardeios", lembrou o GNA.

A comissão militar conjunta é integrada por cinco representantes do GNA e outros cinco do marechal Haftar, cujas forças tentam conquistar Trípoli desde abril. Enquanto isso, em Moscou, o ministro russo da Defesa, Serguei Shoigu, recebeu Haftar nesta quarta. Ele estaria contando com apoio da Rússia.

Ambos falaram da situação na Líbia, do "papel importante das negociações" organizadas em Moscou em janeiro e da "importância" de cumprir as condições estabelecidas no encontro internacional realizado em Berlim, conforme o comunicado russo.