Estreito de Ormuz pode ser palco de embate naval entre Irã e EUA

Com altos recursos militares os EUA podem travar batalha de proporções assimétricas com o Irã no estreito de Ormuz

Escrito por AFP ,
Legenda: especialistas avaliam que confronto naval entre o Irã e os Estados Unidos ocorreria sobretudo no estreito de Ormuz devido a sua complexa geografia.
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Levando em conta o desequilíbrio de forças, um confronto naval entre o Irã e os Estados Unidos pareceria mais com uma "guerrilha naval", que ocorreria sobretudo no estreito de Ormuz devido a sua complexa geografia, avaliam especialistas.

De um lado, estaria a superpotência americana, com a 5ª Frota no Bahrein, bases em vários países da região, porta-aviões, aliados sauditas e israelenses. Do outro, um Irã isolado, com a economia abalada após anos de sanções e com recursos militares limitados.

Um eventual conflito entre os dois países, após um aumento das tensões no Golfo nos últimos dias, não desembocaria "em uma guerra naval no sentido estrito da palavra". "Não haveria um confronto em pleno mar entre forças equivalentes", explica James Holmes, da Naval War College, nos Estados Unidos, na revista National Interest.

Jean-Sylvestre Mongrenier, do instituto franco-belga Thomas More, também destaca que "os recursos militares iranianos não podem ser comparados com os americanos".

Para o Irã, "o objetivo não seria infligir uma derrota naval aos Estados Unidos, porque não está a seu alcance, mas aplicar golpes militares, materiais e psicológicos em sua ação no Golfo", mobilizando sobretudo recursos pouco custosos para ameaçar os caros equipamentos americanos, acrescenta. 

"Desde a revolução de 1979 e da guerra entre Irã e Iraque, as autoridades iranianas desenvolveram novas estratégias para conseguir uma vitória parcial, essencialmente psicológica", garante o centro de estudos superiores da Marinha francesa em um documento sobre "a estratégia naval assimétrica iraniana".

Esta estrategia é similar à doutrina francesa da "Jeune école" no século XIX, que defende a proliferação de pequenos barcos rápidos contra os poderosos navios blindados que tinham os ingleses.

Estratégia naval assimétrica

"Entre as ações que o Irã poderia empreender estão colocar minas no estreito de Ormuz (minas de fabricação russa, chinesa e norte-coreana, mas também de fabricação iraniana), atacar unidades navais americanas com lanchas rápidas (armadas com lançadores de foguetes e mísseis de curto alcance) e usar mísseis antiaéreos terra-mar", explica Mongrenier.

Em outras palavras, ameaçar com meios de combate de baixo custo, mas que provocariam prejuízos aos equipamentos americanos caros

O estreito de Ormuz, com sua geografia complexa, também pode ter um papel preponderante.

As forças iranianas "concentrariam sua potência de fogo assimilável no ponto mais estreito de Ormuz, onde mirar no inimigo é fácil e fugir é difícil", estima Holmes.

"Assim, não comentam o erro de comparar ambas forças e concluir que a Marinha americana destruiria as forças iranianas graças e seus aviões e armas", alerta o especialista.