Escassez de gasolina, estradas bloqueadas e protestos estudantis na França

Empresas de transporte rodoviário de carga estimaram na segunda-feira que sofreram prejuízos de 400 milhões de euros desde o início das manifestações

Escrito por AFP ,

As ações de protesto dos "coletes amarelos" contra a política fiscal e social do presidente Emmanuel Macron continuavam nesta segunda-feira (3) em toda a França, pela terceira semana consecutiva, com repercussões na fronteira franco-espanhola.

Os bloqueios de vários depósitos de combustível em todo o país - da Normandia à região mediterrânea - causaram nesta segunda (3) os primeiros relatos de falta de gasolina. Na Bretanha (oeste), vários postos ficaram sem combustível total ou parcialmente na manhã de segunda-feira, forçando as autoridades locais a tomar medidas de racionamento. 

Os depósitos de petróleo de Le Mans (centro), Grand-Quevilly (noroeste) também foram bloqueados, assim como o do porto de Fos-sur-Mer (sudeste). Este último bloqueio foi criticado inclusive dentro do movimento dos "coletes amarelos", que alguns lamentaram a "recuperação" do protesto por parte de "elementos radicalizados". 

O fechamento dos depósitos de petróleo de Donges e La Rochelle, no oeste da França, se levantaram na segunda-feira de manhã após a intervenção da polícia.

Estradas bloqueadas
O tráfego também foi interrompido em várias estradas francesas, onde os manifestantes instalaram barreiras para impedir a circulação. 

Durante a noite de domingo, um grupo de uma dúzia de pessoas destruiu as barreiras de pedágio da rodovia A9 em Perpignan (Pireneus), de acordo com os gendarmes. A prefeitura denunciou atos de vandalismo, como cabines de pedágios destruídas. 

"Estamos em um barril de pólvora (...) Há uma raiva que está crescendo, é ainda pior do que raiva, está tomando proporções enormes", disse Fabien Schlegel, um dos líderes dos "coletes amarelos" em Dole (leste). 

Empresas de transporte rodoviário de carga estimaram na segunda-feira que sofreram prejuízos de 400 milhões de euros desde o início das manifestações, em 17 de novembro. 

Os protestos também afetaram a fronteira com a Espanha, com retenções de até 19 km nesta segunda-feira e milhares de caminhões de transporte presos, segundo as autoridades regionais da Catalunha (nordeste).

A poucas semanas das férias de Natal, bloqueios de estradas e centros comerciais poderiam gerar mais de 13 bilhões de euros em prejuízos no setor de alimentos, de acordo com uma estimativa da Associação Nacional das Indústrias de Alimentação (Ania).

Estudantes nas ruas 
Mais de cem escolas secundárias também foram bloqueadas, parcial ou totalmente, em protesto contra as reformas educacionais empreendidas pelo governo e, em alguns casos, em apoio aos "coletes amarelos", segundo o Ministério da Educação.

A região de Toulouse (sudoeste) - com cerca de 40 estabelecimentos fechados - foi a mais afetada, seguida pela região parisiense, onde cerca de 20 escolas secundárias foram afetadas. 

Um veículo foi queimado e uma loja de telefone foi saqueada perto de uma escola secundária em Aubervilliers, ao norte da capital. Em Dijon (centro-leste), cerca de 500 estudantes marcharam pelas ruas da cidade e entraram em confronto com a polícia. Os estudantes atiraram pedras nos policiais que responderam com gás lacrimogêneo. 

Em Nice, cerca de mil estudantes do ensino médio demonstraram apoio aos "coletes amarelos", gritando "Macron, renúncia!".

Pelo menos cem motoristas de ambulâncias bloquearam, na manhã de segunda-feira, a praça da Concorde, no centro de Paris.

Eles exigem o fim de uma reforma do financiamento dos transportes sanitários que, segundo eles, seria uma ameaça para as pequenas e médias empresas do setor.

Tensão
A ilha francesa de La Reunion, no oceano Índico, foi palco de enfrentamos entre os "coletes amarelos" e a polícia nesta segunda. Segundo autoridades rodoviárias regionais, dois ou três controles se mantinham na ilha, mas a situação era muito tensa no porto oriental - seu único porto comercial e pulmão econômico da ilha, bloqueado há 15 dias.