Decisão de adiar o Brexit é do Parlamento, diz primeira-ministra britânica

Theresa May disse ser contra o adiamento

Escrito por AFP ,

A primeira-ministra britânica, Theresa May, anunciou nesta terça-feira aos deputados que ela deixa para eles a decisão de adiar a data do Brexit por "um período curto e limitado" se rejeitarem o acordo de separação assinado com a União Europeia e se negarem a sair sem nenhum tipo de acordo. 

May reiterou que pessoalmente se opõe a este adiamento e salientou que, em qualquer caso, não pode ir além de junho, pois, caso contrário, o Reino Unido terá que participar nas eleições para o Parlamento Europeu agendadas para o final de maio.

A dramática decisão de May em relação a sua estratégia em prol do Brexit acontece depois de ameaças de renúncia em massa de seus próprios ministros e o pedido de um segundo referendo sobre a saída da Grã-Bretanha da União Europeia feito pelo principal partido trabalhista na oposição.

Pressão

Três ministros britânicos ameaçaram pedir demissão caso May não se comprometa a prorrogar a data limite para o Brexit para afastar a possibilidade de uma saída sem acordo da União Europeia.

Os secretários para Indústria, Richard Harrington, Digital, Margot James, e Energia, Claire Perry, "imploram" à chefe de Governo que se comprometa a prorrogar o artigo 50 do Tratado da UE que define a saída do bloco de um de seu membros, caso não alcance um acordo a tempo no Parlamento, o que evitaria uma saída "dura" da UE.

"Este compromisso seria recebido com alívio por uma grande maioria de deputados, empresas e seus funcionários", escrevem os ministros, favoráveis à permanência na UE, en um artigo publicado no jornal Daily Mail.

Se May não assumir o compromisso esta semana, os três integrantes do governo ameaçam renunciar "para impedir um desastre".

O jornal afirma que outros 15 membros do governo estariam dispostos a pedir demissão para impedir o cenário de "no deal".

"Quando se aproxima o Dia D, pensamos que é nosso dever fazer algo para ajudar a impedir uma catástrofe", explicou Margot James à BBC.

Outros três ministros pediram durante o fim de semana a prorrogação da data do Brexit caso os deputados não consigam um acordo a tempo.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, afirmou na segunda-feira que conversou com May sobre o contexto jurídico de uma possível prorrogação da data do Brexit, previsto para 29 de março.

"Penso que, levando em consideração a situação em que estamos, um prazo adicional seria uma solução razoável", declarou Tusk em uma entrevista coletiva em Sharm el-Sheikh (Egito).

"Mas a primeira-ministra May ainda acredita que pode evitar este cenário", completou. 

Theresa May, que adiou no domingo para até o dia 12 de março uma votação dos parlamentares britânicos sobre o acordo do Brexit, prevista inicialmente para esta semana, deseja mais tempo para tentar renegociar o texto com Bruxelas antes da data limita para saída, 29 de março. 

O Partido Trabalhista, principal partido de oposição, afirmou que está disposto a apoiar uma emenda que proponha a organização de um segundo referendo sobre a saída da UE para evitar o Brexit "destruidor" dos conservadores, o que aumenta a pressão sobre May.