Coronavírus mata quase 1.900 pessoas na China

A epidemia de COVID-19 na China contaminou mais de 72.300 pessoas e cerca de 900 em outros países

Escrito por AFP ,
Legenda: O número diário de novas mortes cresce na China, mas a um ritmo menor nas últimas 72 horas
Foto: AFP

O número de vítimas fatais do COVID-19, conhecido como novo coronavírus, na China continental, chegou, nesta terça-feira (noite de segunda, 17, no Brasil), a 1.886. Na província de Hubei, epicentro da epidemia, foram registradas 98 novas mortes. Além disso, as autoridades sanitárias registraram 1.807 novos casos de contágio na localidade, número inferior ao da véspera.

A epidemia de COVID-19 na China contaminou mais de 72.300 pessoas e cerca de 900 em outros países. Pequim, que tenta conter a epidemia de qualquer maneira, pediu às pessoas que foram curadas pelo coronavírus que doem sangue para extrair seu plasma para tratar os doentes.

Apesar do alarme, o número diário de novas mortes cresce na China a um ritmo menor nas últimas 72 horas (105 na segunda-feira, contra 142 no domingo e 143 no sábado). O balanço diário de infectados aumenta moderadamente.

Fora da China, o maior foco de infecções é navio de cruzeiro "Diamond Princess", ancorado no porto de Yokohama, no Japão, onde foram diagnosticados 99 novos casos nessa segunda-feira, elevando o total para 454 pessoas. Os passageiros estavam confinados em suas cabines há 14 dias. 

Resgate internacional

À medida que crescem as críticas à gestão dessa crise pelas autoridades japonesas, outros governos, como os da Austrália e da Itália, anunciaram sua intenção de retirar seus cidadãos da embarcação. Mesmo desejo manifestado por Hong Kong (que conta com cerca de 330 cidadãos a bordo). O Canadá tomou a mesma decisão para repatriar cerca de 250 canadenses. 

Os cerca de 300 estadunidenses que estavam no "Diamond Princess" embarcaram ao lado de suas famílias em dois aviões: o primeiro pousou na Califórnia no fim da noite de domingo (16), enquanto o segundo aterrissou no Texas nesta segunda-feira. Os repatriados serão submetidos a uma quarentena de 14 dias, período de incubação do novo coronavírus.

Entre os estadunidenses repatriados, 14 testaram positivo - pessoas cujos resultados dos exames chegaram apenas no decorrer da operação de retirada - segundo o Departamento de Estado do seu país. Os infectados foram isolados dos demais passageiros no avião.

Na chegada, 13 deles, considerados casos de "alto risco", foram enviados para um hospital universitário em Omaha, Nebraska, onde foram colocados em quarentena. Antes de embarcar no avião, uma das repatriadas, Sarah Arana, disse à AFP que estava "pronta" para partir. "Precisamos de uma quarentena real. Esta não foi boa". 

"Estou bem de saúde" 

Alguns dos mais de 350 estadunidenses que estavam a bordo do cruzeiro não aceitaram ser repatriados. "Estou de boa saúde. E minha quarentena de duas semanas está quase no fim", postou no Twitter Matt Smith. Outros 40 que contraíram o coronavírus foram levados para hospitais no Japão, informou Washington.

Celebrações canceladas 

Fora da China, atrás apenas de Singapura (75 casos), o Japão é o país mais afetado do mundo pela epidemia. Além dos casos no cruzeiro "Diamond Princess", as autoridades nipônicas informaram que existem 60 infectados pelo coronavírus em diferentes regiões do país.

O ministro da Saúde, Katrsunobu Kato, advertiu, no domingo (16), que o Japão entraria em uma "nova fase" da infecção viral, depois que o país passou a constatar a cada dia casos adicionais entre pessoas que não viajaram para a China e que não estiveram em contato com visitantes procedentes deste país.

O ministro pediu aos japoneses que evitem reuniões e locais movimentados. O receio causado pelo coronavírus provocou o cancelamento da cerimônia pública de aniversário do imperador Naruhito, assim como da maratona de Tóquio para atletas amadores.

Em outros países, a preocupação aumenta, depois que uma estadunidense que viajava no cruzeiro "Westerdam" apresentou resultado positivo para o novo coronavírus. O navio atracou na semana passada no Camboja com 2.200 passageiros e membros de tripulação, após a recusa de cinco portos asiáticos.

Mais de 1.200 dos 1.455 passageiros desembarcaram. Alguns permaneceram em Phnom Penh, capital do Camboja, e serão submetidos a exames antes da repatriação. Outros deixaram o país em voos comerciais com destino às suas respectivas nações. Muitos deles seguiram via Malásia, onde a estadunidense foi diagnosticada.

Em Pequim, especialistas enviados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) iniciaram reuniões com os colegas chineses.

Impactos na China  

O Parlamento chinês avalia a possibilidade de adiar a sessão plenária de dez dias, o grande evento anual do regime comunista, prevista para começar em 5 de março.

Nesta segunda-feira (17), o Banco Central da China reduziu a taxa de juros para os empréstimos de um ano aos estabelecimentos financeiros, com o objetivo de estimular a recuperação da economia, paralisada pelo coronavírus.

O salão do automóvel de Pequim, que aconteceria de 21 a 30 de abril, será adiado devido à epidemia, anunciaram os organizadores.

A epidemia pode ter um efeito negativo no crescimento mundial em 2020, segundo a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, que mencionou uma perda de entre 0,1 e 0,2 ponto percentual.

O Banco Central da China reduziu ainda mais os juros dos bancos comerciais, na segunda-feira, para apoiar a economia paralisada pela epidemia.

As grandes empresas mundiais temem uma queda na demanda. A Apple anunciou que sua previsão de faturamento para o segundo trimestre provavelmente não será alcançada devido à epidemia na China, um país crucial para a empresa americana. Além dela, a gigante australiana BHP prevê uma queda acentuada na demanda global por petróleo, cobre e aço se a epidemia não estiver sob controle em março.

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