Coreia do Norte volta a disparar mísseis e culpa EUA por aumento de tensão militar

Os projéteis percorreram cerca de 450 km em direção ao Mar do Japão, a uma altitude de 37 km e a uma velocidade de ao menos Mach 6,9 (cerca de 8.500 km/h)

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Norte-coreanos assistem a vídeo de um míssil sendo lançado nesta terça (6)
Foto: Jung Yeon-Je / AFP

No mesmo dia em que voltou a disparar mísseis de teste, a Coreia do Norte acusou os EUA de incitar a tensão militar na região ao fazer exercícios conjuntos com a Coreia do Sul, e que o país tomará medidas para se defender.

Segundo o Estado-Maior das Forças Armadas da Coreia do Sul, o Norte disparou dois projéteis com características de mísseis balísticos de curto alcance, a partir da costa da província de Hwanghae, nesta terça-feira (6).

Os projéteis percorreram cerca de 450 km em direção ao Mar do Japão, a uma altitude de 37 km e a uma velocidade de ao menos Mach 6,9 (cerca de 8.500 km/h). 
Ju Yong Chol, diplomata norte-coreano em Genebra, disse em uma conferência da ONU que a Coreia do Norte teria de "reconsiderar os maiores passos que demos até agora".

Ele não mencionou os últimos disparos de mísseis na costa do país, realizados pela quarta vez em menos de duas semanas na terça-feira. "Os Estados Unidos estão incitando tensão militar hostil à Coreia do Norte ao implantar uma grande quantidade de equipamentos militares modernos na Coreia do Sul, desrespeitando seu compromisso de suspender exercícios militares conjuntos, feito na [reunião de] cúpula."

Isso, segundo ele, obrigou a Coreia do Norte a "desenvolver, testar e implantar os meios físicos essenciais para nossa defesa nacional", disse Ju. O governo norte-coreano também divulgou críticas aos movimentos militares norte-americanos. "É uma negativa aberta e uma violação flagrante da declaração conjunta de 12 de junho de Coreia do Norte e Estados Unidos", destacou um porta-voz da chancelaria norte-coreana não identificado, em mensagem divulgada pela agência estatal KCNA. 

Isto demonstra, segundo ele, que americanos e sul-coreanos "persistem em nos ver como inimigos". Ele disse que Pyongyang segue disposta a resolver as coisas por meio do diálogo, mas que se seus alertas forem ignorados, EUA e Coreia do Sul poderão "pagar um preço alto". 

Versão estadunidense

O embaixador dos EUA para o desarmamento, Robert Wood, rejeitou a acusação: "Os Estados Unidos não estão incitando a pressão militar". Ele disse que os Estados Unidos estão comprometidos com a desnuclearização da Coreia do Norte, conforme acordado pelo ditador norte-coreano Kim Jong Un e pelo presidente dos EUA, Donald Trump, em sua primeira reunião de cúpula no ano passado em Cingapura.

"Estamos muito ansiosos para voltar às discussões com o Norte, a fim de levar a cabo a visão exposta naquela cúpula pelo presidente Trump e pelo presidente Kim", acrescentou Wood.

Após um ano de ameaças e tensão crescente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, mantiveram um histórico encontro no ano passado em Singapura, quando firmaram um vago documento sobre a "desnuclearização" da península.

Os dois líderes voltaram a se encontrar no Vietnã em fevereiro, em uma reunião que terminou sem qualquer acordo, e depois, em junho, se reuniram na linha de demarcação que separa as duas Coreias.

No último encontro, Trump e Kim concordaram em manter os canais de comunicação abertos, mas os contatos em nível técnico ainda não foram retomados.

Restrição a turistas

Washington revogou na segunda-feira (5) uma medida de isenção de vistos para os estrangeiros que visitaram nos últimos oito anos a Coreia do Norte, o que pode afetar o incipiente setor turístico de Pyongyang.

As autoridades americanas permitem aos cidadãos de 38 países — incluindo sul-coreanos, japoneses ou franceses — entrar em seu território sem visto durante 90 dias. 
Mas a isenção ficará suspensa para qualquer pessoa que visitou a Coreia do Norte a partir de 1 de março de 2011. Os cidadãos nesta situação terão que solicitar visto de turismo ou de negócios para poder entrar nos Estados Unidos.