Coreia do Norte lança mísseis de curto alcance

Os mísseis viajaram entre 70 e 200 quilômetros por cima do mar do Japão, segundo comando militar sul-coreano; EUA e Coreia do Sul afirmam estar monitorando a situação

Escrito por AFP ,
Legenda: A presidência sul-coreana disse estar "muito preocupada" porque o lançamento viola um acordo militar assinado pelas duas Coréias
Foto: Foto: Jung Yeon-Je / AFP

A Coreia do Norte disparou neste sábado (4) vários "mísseis não identificados de curto alcance" na direção do Mar do Japão, no primeiro teste do tipo em mais de um ano e em meio à total paralisação das negociações com os Estados Unidos. 

De acordo com o Comando Conjunto das Forças Armadas da Coreia do Sul, Pyongyang "disparou vários mísseis da península de Hodo, perto da cidade costeira de Wonsan na direção leste.

A Coréia do Sul e os Estados Unidos estão "analisando detalhes do míssil", acrescentou a nota.

Inicialmente, o comando militar sul-coreano informou que apenas um "míssil não identificado" havia sido disparado. Os mísseis viajaram entre 70 e 200 quilômetros por cima do mar do Japão, segundo o comando militar.

Momentos depois, em Washington, Sarah Sanders, porta-voz da Casa Branca, disse que o governo estava ciente e monitorando a situação. "Continuaremos monitorando quando necessário", disse Sanders em um comunicado. 

A presidência sul-coreana disse estar "muito preocupada" porque o lançamento viola um acordo militar assinado pelas duas Coréias em Pyongyang no ano passado. "Exigimos a participação ativa da Coreia do Norte nos esforços para retomar rapidamente o diálogo", disse ele em um comunicado. 

O Ministério da Defesa do Japão informou que "não há confirmação" de que os mísseis penetraram em seu território ou que "poderiam afetar nossa segurança nacional".

O último tiro de míssil norte-coreano remontava a novembro de 2017.

Momento delicado

Os disparos deste sábado ocorreram um dia após o chanceler da Coreia do Sul, Kang Kyung-wha, afirmar que a Coreia do Norte deveria mostrar uma eliminação "visível, concreta e substancial" de suas armas nucleares para obter a suspensão das sanções.

Estados Unidos e Coreia do Norte voltaram a elevar o tom após o fracasso da reunião entre Donald Trump e Kim Jong Un, em fevereiro.

Estas conversações foram suspensas abruptamente diante da insistência da Coreia do Norte sobre o fim das sanções, e as duas partes não chegaram a um acordo sobre as medidas que Pyongyang deve adotar.

No início da semana, o vice-chanceler da Coreia do Norte, Choe Son Hui, alertou Washington sobre as "consequências inesperadas" caso não modifique sua posição em relação às sanções econômicas.

O analista norte-coreano Ankit Panda avaliou que os tiros deste sábado "não violam a moratória de testes adotada por Kim Jong Un", que se refere apenas a mísseis "balísticos intercontinentais".

"Historicamente, a Coreia do Norte não realiza testes [de armas] quando há conversações com os Estados Unidos, mas agora não há conversações".

A península de Hodo, de onde ocorreram os tiros deste sábado, tem sido utilizada como base de treinamento de fogo, artilharia e defesa utilizando mísseis de cruzeiro desde a década de 1960, de acordo com o site especializado 38 North.

A partir da década de 1990, se estabeleceu uma "área formal de treinamento" na região e a península de Hodo passou a ser usada para "testes de artilharia de longo alcance e mísseis balísticos" na última década.

Desde o colapso da última reunião entre Trump e Kim, no Vietnã, o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, tem buscado manter abertos os canais diplomáticos, mas Pyongyang parece não oferecer uma resposta.

Há uma semana, a imprensa estatal da Coreia do Norte afirmou que Estados Unidos e Coreia do Sul estão "forçando a situação na Península Coreana e em toda região para uma fase indesejável".