Conversas entre governo e oposição sobre brexit chegam ao fim sem acordo

O ponto de discórdia continua a ser a proposta de manter o país em uma união aduaneira permanente com o bloco europeu, mesmo após a separação

Escrito por FolhaPress ,
Legenda: O acordo negociado com a UE pela primeira-ministra britânica, Theresa May, já foi rejeitado três vezes pelo Parlamento
Foto: Foto: Toby Melville / POOL / AFP

As negociações entre os partidos Conservador (governo) e Trabalhista (oposição) para tentar resolver o impasse em torno da saída britânica da União Europeia (UE) chegaram ao fim, disse nesta sexta-feira (17) o líder do segundo, Jeremy Corbyn.

Depois de o acordo negociado com a UE pela primeira-ministra britânica, Theresa May, ser rejeitado três vezes pelo Parlamento desde janeiro e de o Dia D do Brexit ser adiado outras duas, as principais forças políticas do Reino Unido tinham aceitado conversar formalmente para buscar uma solução consensual.

Desde o começo das tratativas, em abril, o ponto da discórdia vinha sendo a proposta dos trabalhistas de manter o país em uma união aduaneira permanente com o bloco europeu, mesmo após a separação.

A ideia era (e continua sendo) rechaçada por May e por seus correligionários, que veem no brexit a oportunidade de Londres desenvolver uma política comercial própria, descolada dos interesses e restrições da Europa - os membros da EU não podem negociar acordos comerciais em nível nacional, só dentro do consórcio.

Em carta endereçada à chefe de governo, Corbyn escreveu que "as conversas foram até onde poderiam", mas que "ficou claro que, apesar de haver itens em que concessões foram feitas, não fomos capazes de superar diferenças políticas importantes".

O líder trabalhista disse também que a "fraqueza crescente e a instabilidade" do governo May deixavam a oposição pouco confiante em relação à concretização daquilo que viesse a ser acordado entre as partes.

Algumas figuras de proa do campo conservador afirmaram, nos últimos dias, que um(a) eventual substituto(a) de May no comando partidário poderia ignorar o teor das negociações com os trabalhistas, jogando fora semanas de diálogo bilateral.

Na quinta (16), na saída de uma reunião com correligionários, a primeira-ministra anunciou que apresentaria ao partido, na primeira semana de junho, um cronograma para a eleição de um(a) novo(a) líder - ou seja, para a saída dela do posto.

O plano deve ser conhecido logo após ela submeter ao Parlamento pela quarta vez um roteiro para o adeus britânico à Europa. Não há indício até aqui de que o resultado da votação vá ser diferente do observado nas tentativas anteriores.

A imprensa britânica informou, na manhã desta sexta, que o governo deve pautar para a semana que vem nova rodada de votos indicativos no Legislativo, para medir a receptividade dos deputados a diferentes formatações do brexit.

Porém, as duas baterias de consultas informais ao Parlamento realizadas até aqui não renderam frutos - na última, em março, o plenário conseguiu a proeza de rejeitar 8 proposições.

Em 11 de abril deste ano, a EU aceitou adiar pela segunda vez o Dia D do brexit. Os britânicos têm agora até 31 de outubro para definir os termos de sua saída.

A ideia de May, entretanto, continua sendo a de tirar o Reino Unido do consórcio bem antes disso - se possível, até a posse do novo Parlamento Europeu, em 2 de julho, para o qual Londres elege a contragosto, em 23 de maio, 73 representantes.