Colômbia pede extradição de líderes do ELN a Cuba, que rejeita pedido

O ELN é hoje a maior guerrilha da Colômbia depois da desmobilização das Farc. Conta com 1,5 mil integrantes e nasceu na mesma época, nos anos 1960

Escrito por Redação ,

O governo colombiano pediu a Cuba, onde estão as principais lideranças da guerrilha Exército de Libertação Nacional (ELN ), que estas sejam devolvidas a Bogotá, depois do ataque contra uma escola militar na capital do país que deixou 20 mortos. O regime cubano, liderado por Miguel Díaz-Canel, negou-se a fazê-lo.

Apesar de as Organização das Nações Unidas (ONU ) ter condenado o ataque, as mesas de negociação de paz têm um protocolo em que são os países-garante que decidem os rumos da negociação. 

Atualmente, a cúpula do ELN está dividida. Os líderes que estão em Cuba seriam os favoráveis à paz, enquanto outra ala, que opera em áreas ligadas ao narcotráfico, não quer que o diálogo continue e comete atentados graves, como o de Bogotá na semana passada.

Cuba, apoiada pela Noruega, alega que as negociações são protegidas por um protocolo que impede a entrega das lideranças do ELN. E deu como exemplo casos de ataques que ocorreram durante a negociação com as Farc  em que os líderes puderam permanecer na ilha para finalizar a negociação, finalmente aprovada em 2016.

Antes de viajar a Davos, na Suíça, o presidente Iván Duque disse não reconhecer tais protocolos nem a autoridade dos países-garante autorizados pela ONU para mediar desentendimentos como este.

Duque alega que não foi ele quem iniciou essas negociações de paz (elas foram iniciadas por seu antecessor, Juan Manuel Santos, mas se encontravam suspensas, não canceladas), e que portanto não tem razões para respeitar protocolos.

Nesta quarta-feira (23), o chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo, notificará oficialmente a secretaria-geral da ONU de que as negociações com o ELN estão encerradas. As lideranças do ELN que estão em Havana pediram uma solução alternativa, de serem enviados à Venezuela, que tem dado abrigo a várias colunas do ELN, devido aos desentendimentos entre o ditador Nicolás Maduro e Iván Duque.

Maior guerrilha da Colômbia

O ELN é hoje a maior guerrilha da Colômbia depois da desmobilização das Farc. Conta com 1,5 mil integrantes e nasceu na mesma época, nos anos 1960. Há outras, formadas por dissidentes de guerrilhas desmobilizadas, como as Farc, o EPL e os ex-paramilitares.

Porém, o ELN é considerado o mais letal, porque seus atentados buscam prejudicar a população civil, com ataques a estradas, obras de infraestrutura e atividades extorsivas, e militar, com ataques a aeronaves ou instalações, como a escola de cadetes de Bogotá.