China acusa EUA de interferência com lei sobre Hong Kong

Os EUA estão no meio de complexas negociações com a ditadura comunista para tentar encerrar a guerra comercial iniciada por Trump após sua posse, em 2017

Escrito por Folhapress ,

O governo chinês criticou duramente o americano por ter sancionado uma lei que prevê punição a autoridades que estejam envolvidas na repressão a protestos em favor da democracia em Hong Kong.

"Isso é pura interferência nos assuntos internos da China. A lei trata Hong Kong com intimidação e ameaças", afirmou em comunicado o Ministério das Relações Exteriores em Pequim.

O Escritório de Assuntos de Hong Kong e Macau, que lida com as duas regiões especiais chinesas, divulgou nota afirmando que o ato do governo Donald Trump é "cheio de preconceito e arrogância", e que "fatos provam que os EUA são a maior 'mão negra´ por trás da interferência em Hong Kong".

Trump, na verdade, não tinha opções. O projeto de lei, dois textos, foi aprovado pelas duas Casas do Congresso sem possibilidade de veto. Os EUA estão no meio de complexas negociações com a ditadura comunista para tentar encerrar a guerra comercial iniciada por Trump após sua posse, em 2017.

Na prática, o ato é um instrumento de pressão política, já que parece um grande passo alguma autoridade ser realmente sancionada – até porque teria de ser algum político de alta patente, já que não é possível individualizar culpas na ação policial.

Além disso, um dos textos pede que o governo americano reveja anualmente o status de parceiro comercial com Hong Kong, a depender dos incidentes na antiga possessão britânica, o que pode criar problemas adicionais a uma economia já em recessão devido à fuga de investidores na esteira dos protestos.

Hong Kong vive quase seis meses de manifestações, com fases mais ou menos agudas. O estopim foi uma proposta de lei que facilitava a extradição de locais para a China continental. Ela foi arquivada após milhões irem às ruas, mas as demandas continuam, como o pedido por anistia aos detidos nos atos, algo entre 4.000 e 6.000 pessoas.

A vitória da oposição na eleição distrital, equivalente à escolha de vereadores, arrefeceu o ritmo das manifestações.

Nesta quinta (27), houve novamente protestos na hora do almoço na cidade, mas sem violência ou intervenção policial. Havia a expectativa de atos maiores à noite, marcados para dois pontos.

Numa concentração no centro da cidade, manifestantes celebraram a decisão de Trump. "Quanto mais pressão, melhor", disse um jovem que só se identificou pelo prenome Charlie.

Em um momento, na avenida Queensway, um grupo começou a cantar "Obrigado, Estados Unidos", mas foi algo bastante breve –no estilo dos protestos dessa hora do dia, que são engrossados por transeuntes entre o almoço e a volta ao trabalho.