Cesare Battisti reconhece responsabilidade por quatro homicídios

Esta é a primeira vez que Battisti, que foi extraditado em janeiro deste ano para a Itália, onde cumpre pena de prisão perpétua, admite ser responsável pelos crimes que renderam sua condenação. 

Escrito por Redação ,
Legenda: Condenado à revelia pelo assassinato de quatro pessoas, Battisti ficou quase 40 anos foragido.
Foto: Agência Brasil

O ex-ativista de extrema-esquerda Cesare Battisti, que permaneceu foragido durante 40 anos, reconheceu a um juiz italiano que é responsável por quatro assassinatos cometidos nos anos 1970. Esta é a primeira vez que Battisti, que foi extraditado em janeiro deste ano para a Itália, onde cumpre pena de prisão perpétua, admite ser responsável pelos crimes que renderam sua condenação à revelia. 

A admissão  pelos assassinatos foi feita durante interrogatório feito na prisão de Oristano pelo procurador Alberto Nobili, responsável pelo grupo antiterrorista da cidade italiana de Milão, na Itália, de acordo com informações da imprensa italiana nesta segunda-feira (25). Até então, Cesare Battisti, de 64 anos, que integrou o grupo Proletários Armados pelo Comunismo, negava envolvimento nos homicídios e se dizia vítima de perseguição política.

Battisti declarou ter matado duas pessoas e ser o mandante de outros dois homicídios, segundo o jornal “La Repubblica”. O procurador-geral de Milão, Francesco Greco, afirmou que ele admitiu "suas responsabilidades" em quatro assassinatos, no ferimento de três pessoas e em muitos roubos feitos pela formação terrorista que integrava nos anos 70, de acordo com o jornal “Corriere della Sera”.

Battisti foi condenado à revelia pela justiça italiana em 1993, pelos assassinatos de um guarda carcerário, um agente de polícia, um militante neofascista e um joalheiro de Milão (o filho do joalheiro ficou paraplégico, depois de também ser atingido). "Eu falo das minhas responsabilidades, não vou nomear ninguém. Quando matei foi uma guerra justa para mim", teria afirmado Battisti a Nobili. Para Greco, a confissão faz justiça com relação "às muitas controvérsias que ocorreram nos últimos anos e homenageia a polícia e o judiciário que o condenou”.

Por quase 40 anos, Battisti ficou foragido e morou na França e no Brasil. Ele chegou a conseguir refúgio no Brasil em 2009. Mas o status, concedido a ele pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi revisto em dezembro do ano passado, por Michel Temer, que autorizou sua extradição. Procurado pela Polícia Federal brasileira, Batisttti conseguiu fugir do país, mas foi capturado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. Como a sua entrada no país foi ilegal, a expulsão dele foi requerida pela Itália e acatada pelo governo boliviano.