Cardeal condenado por pedofilia é preso e será investigado pelo Vaticano

O cardeal de 77 anos foi declarado culpado em 11 de dezembro de uma acusação de agressão sexual e de outras quatro de acusações de atentado ao pudor contra dois coroinhas de 12 e 13 anos

Escrito por AFP ,

O Vaticano anunciou, nesta quarta-feira (27), que vai abrir um inquérito canônico interno contra o cardeal australiano George Pell, um dos conselheiros mais próximos do papa Francisco e considerado culpado de estupro de menor pelo sistema judiciário de seu país. Ele foi declarado culpado de pedofilia e preso nesta quarta.

"Depois da condenação em primeira instância do Cardeal Pell, a Congregação para a Doutrina da Fé cuidará agora deste caso de acordo com os termos e prazos estabelecidos pela lei canônica", anunciou o porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti, em um comunicado. 

Este procedimento pode resultar em sanções, sendo a mais pesada o retorno à vida laica, como foi o caso com o ex-cardeal americano Theodore McCarrick, punido em meados de fevereiro, depois de acusações de abuso sexual de menores e jovens homens.

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No caso do ex-arcebispo emérito de Washington, o Vaticano não esperou pelo desenvolvimento dos procedimentos penais para abrir sua própria investigação.

Pena

Com 77 anos, o cardeal Pell, que alega inocência, foi preso, após ter sido declarado culpado de pedofilia em 11 de dezembro pelo tribunal de Melbourne. Ele foi acusado de agressão sexual e de outras quatro de acusações de atentado ao pudor contra dois coroinhas de 12 e 13 anos em 1996 e 1997, na sacristia da catedral de São Patrício de Melbourne, onde Pell era arcebispo.

Os promotores afirmaram que Pell enfrenta uma pena máxima de 50 anos de prisão pelas cinco acusações de agressão sexual.

O Vaticano reagiu a esta "notícia dolorosa", assegurando o seu "profundo respeito" pela justiça australiana e lembrando que o cardeal Pell disse ser inocente e que tem "o direito de se defender até a última instância".

À noite, Gisotti informou no Twitter que o cardeal australiano não estava mais à frente da poderosa secretaria da Economia, cargo do qual estava apenas de licença.

Nenhuma informação foi dada sobre o seu sucessor.

Em dezembro, porém, ele foi demitido do conselho de nove cardeais, chamado "C9", para ajudar o papa Francisco a reformar a administração da Santa Sé.