Caravana de transexuais chega à fronteira do México com EUA

Em busca do sonho dourado, migrantes dizem que sofreram discriminação no percurso

Escrito por Redação ,

A caravana migrante que saiu há um mês de Honduras acelerava vertiginosamente o seu passo nesta quarta-feira (14) para chegar à fronteira com os Estados Unidos, a qual alguns centro-americanos que começaram a chegar desde o domingo já cruzaram momentaneamente. Um grupo de quase 100 transexuais e alguns homossexuais chegou à cidade de Tijuana, no estado de Baja Califórnia, no domingo; na terça-feira, chegaram outros 350 migrantes, todos integrantes da grande caravana. Emocionados, correram até a praia para tomar um banho e colocavam a cabeça entre as grades metálicas da fronteira para vislumbrar seu sonho dourado.

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Joanne Stefani, de 27 anos, deixou sua natal Honduras há um mês e, após viajar em uma caravana migrante, chegou, junto com dezenas de transsexuais centro-americanas, a Tijuana com o sonho de obter refúgio nos Estados Unidos.

"Somos as mais vulneráveis, por discriminação, por medo de que nos matem (...) Tive amigas, muitas amigas que foram assassinadas por homofóbicos e pela polícia militar", comenta Joanne enquanto está sentada junto com um reservatório de água da casa onde passaram a primeira noite.

O grupo de transsexuais foi o primeiro a chegar à fronteira com os Estados Unidos depois de percorrer o México como parte de uma caravana que chegou a somar cerca de 7.000 pessoas, segundo as Nações Unidas, mas que se fragmentou.

"Deixei minha mãe e minha irmã. Tomei a decisão de um dia para outro", lembra Joanne.

Na casa, há migrantes de El Salvador, Honduras e Guatemala. Suas histórias são similares, todas lembram episódios de ódio e perseguição, que será seu principal argumento para solicitar refúgio nos Estados Unidos em um momento, em que o presidente Donald Trump está decidido a deter as caravanas que percorrem o México.

Ela nunca havia saído de seu país e também não queria emigrar. "Não somos delinquentes, emigrar não é um delito. Queremos um melhor futuro para nós e pensamos que nos Estados Unidos poderíamos ter essa oportunidade", explicou.

Durante o trajeto, elas sofreram agressões dentro da caravana, à qual milhares de pessoas se juntaram, incluindo famílias inteiras e mulheres grávidas, para se sentirem mais seguros em sua passagem pelo México, marcado pela violência criminal.

"Fomos ameaçadas, disseram que queriam nos matar", denunciou. Com a ajuda de alguns advogados americanos, conseguiram se separar da caravana e se alojar em uma casa de Playas de Tijuana. No entanto, o temor persiste.

"Não podemos sair, temos medo. Ontem duas companheiras as ameaçaram. Foram comprar e lhes disseram que não podiam sair na rua, que se as vissem as matariam", relatou.

O guatemalteco César Mejía, que é homossexual, pede compreensão. "Não viemos incomodar os mexicanos", disse.

Caso os Estados Unidos lhes neguem o refúgio, eles já pensam em um plano B.

"Voltaremos à Cidade do México, porque o presidente, tanto o que está agora (Enrique Peña Nieto) como o que entrará em dezembro (Andrés Manuel López Obrador), nos prometeram que podiam ajudar com documentação mexicana e com trabalho", argumentou Mejía.