Caminhões com ajuda humanitária começam a chegar à fronteira com a Venezuela

No total, dois caminhões brasileiros saíram durante a manhã deste sábado (23) carregando oito toneladas de suprimentos

Escrito por AFP ,

O primeiro caminhão com remédios e alimentos, doado pelo Brasil e Estados Unidos, chegou à cidade brasileira de Pacaraima, em Roraima, no meio da manhã deste sábado (23). A ação é promovida pelo líder da oposição, Juan Guaidó, reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por cinquenta países, incluindo o Brasil. A chegada dos suprimentos brasileiros na fronteira venezuelana ocorre no âmbito de uma operação internacional cujo objetivo original era reproduzir ações semelhantes nas fronteiras com a Colômbia e o Caribe

"Vai passar, é claro que vai passar", afirmou aos jornalistas María Teresa Belandria, uma advogada venezuelana nomeada por Guaidó como embaixadora no Brasil.

No total, dois caminhões saíram durante a manhã deste sábado carregando oito toneladas de suprimentos. Um deles se atrasou por uma avaria na na estrada, enquanto o outro estava estacionado a poucos metros da linha que divide os dois países, à espera de instruções.

A fronteira foi fechada na Venezuela indefinidamente por ordem do presidente Nicolás Maduro na quinta-feira.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, afirmou neste sábado que a expectativa é de que as autoridades venezuelanas permitam que os dois caminhões com suprimentos doados passem pela fronteira como parte da operação de entrega humanitária.

"A expectativa é que quando o primeiro caminhão chegar, uma luz acenda e a fronteira se abra", declarou o chanceler em uma coletiva de imprensa na sede da Polícia Federal em Pacaraima.

A presidência brasileira, que quer evitar as tensões com a Venezuela, disse que, se os caminhões não conseguirem cruzar a linha, eles retornarão a Boa Vista e continuarão tentando a entrega nos próximos dias.

Não há previsão para completar a entrega de cerca de 200 toneladas de alimentos e remédios, armazenados em uma base aérea em Boa Vista, capital do estado de Roraima, segundo a presidência.

Não se sabe até quando os caminhões permanecerão estacionados na fronteira, mas vários venezuelanos se aglomeraram nas proximidades, dizendo que estão dispostos a escoltar a pé os veículos até o território de seu país.

Pacaraima amanheceu em calma, com os venezuelanos ainda atravessando para o Brasil através de rotas alternativas. Alguns deles disseram que a Guarda Nacional Venezuelana, que reforça o controle em vários pontos da linha divisória, não os impediu de deixar o país.

Araújo ressaltou que o Brasil descarta a possibilidade de conflito na região e que, por enquanto, não está previsto permitir a distribuição de doações individualmente em território brasileiro. 

William Popp, encarregado de negócios dos Estados Unidos no Brasil, também participou da reunião com a imprensa e disse que a participação de Washington é de cunho estritamente humanitário.