Brasil pede para levar aliados de Guaidó à ONU

O credenciamento de estrangeiros na delegação implica que seus atos e declarações sejam atribuídos ao Brasil, inclusive para efeitos de responsabilidade internacional

Escrito por Folhapress ,
Legenda: Bolsonaro e Juan Guaidó no Palácio do Planalto, em fevereiro deste ano.
Foto: Foto: Agência Brasil

O governo Jair Bolsonaro pediu o credenciamento de representantes do líder de oposição na Venezuela, Juan Guaidó, para compor a delegação brasileira na Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

O Itamaraty solicitou que a missão do Brasil na ONU encaminhasse a inclusão de Carlos Vecchio, embaixador de Guaidó em Washington, e de Isadora Guevara, embaixadora de oposição ao ditador Nicolás Maduro em Paris, para acompanhar a equipe de Bolsonaro durante as atividades na próxima semana.

O credenciamento de estrangeiros na delegação - Vecchio é venezuelano, e Guevara, espanhola - implica que seus atos e declarações sejam atribuídos ao Brasil, inclusive para efeitos de responsabilidade internacional.

Ambos falam por Guaidó, reconhecido como presidente interino da Venezuela por mais de 50 países, entre os quais Brasil e Estados Unidos.

O opositor venezuelano se declarou chefe de Estado em janeiro e afirmou nesta semana que considera esgotadas as negociações realizadas com mediação da Noruega, entre seus enviados e os representantes de Maduro para tentar resolver a crise no país.

O ditador, por sua vez, anunciou que não participará da Assembleia Geral da ONU. Ele será representado pela vice-presidente, Delcy Rodríguez, e pelo chanceler, Jorge Arreaza.

Na avaliação dos apoiadores de Guaidó, "todas as opções estão sobre a mesa" quando se trata da possível deposição do ditador venezuelano. Ele espera inclusive resultados de uma reunião em Nova York na segunda (23), véspera da abertura da Assembleia Geral.

ONU

O encontro reunirá ministros das Relações Exteriores de diversos países, entre os quais o Brasil, em que será discutida a possibilidade de ativar o Tiar (Tratado Interamericano de Ação Recíproca), que prevê defesa mútua dos países membros em caso de ataques externos - e que abre a possibilidade de intervenção estrangeira na Venezuela.

O governo brasileiro, porém, afirma que uma ação militar está fora de cogitação e que o tratado será ativado apenas em termos de ajuda humanitária ou sanções políticas e econômicas, medidas que, no entanto, já vêm sendo aplicadas contra o regime.

O presidente brasileiro chega a Nova York na segunda (23) com uma comitiva de cerca de dez pessoas. Como de praxe, o Brasil faz o discurso de abertura da Assembleia Geral, e integrantes do governo afirmam acreditar que pode haver protesto de delegações de países como Venezuela, Cuba e Nicarágua durante sua fala.

Procurado pela reportagem, até o fechamento desta edição, o Itamaraty não respondeu sobre o credenciamento dos estrangeiros na delegação brasileira.