Assessor de Guaidó diz que pagou ação de mercenários

No domingo (3), Maduro anunciou que 8 mercenários haviam sido mortos e 15 estavam presos, incluindo dois cidadãos estadunidenses - Luke Denman, de 34 anos, e Airan Berry, de 41

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: Documento de um dos estadunidenses que foram presos pelo governo venezuelano
Foto: AFP

O estrategista político venezuelano Juan José Rendón, assessor do opositor Juan Guaidó, admitiu nesta quinta-feira (7) ter assinado um contrato com o representante da empresa de segurança privada SilverCorp, Jordan Goudreau, a quem pagou US$ 50 mil para realizar uma operação para capturar o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

"Era uma tentativa de capturar e entregar à Justiça membros do regime com acusações e ordens de captura", admitiu Rendón, em entrevista à CNN em Espanhol. O assessor, porém, insistiu que Guaidó não fez parte do acordo e garantiu que Goudreau não recebeu o "sinal verde" para lançar a operação.

O ataque foi um fracasso. No domingo (3), Maduro anunciou que 8 mercenários haviam sido mortos e 15 estavam presos, incluindo dois cidadãos estadunidenses - Luke Denman, de 34 anos, e Airan Berry, de 41. "Sabíamos de tudo: o que eles falavam, o que estavam comendo, o que não estavam comendo, o que estavam bebendo e quem os financiava", disse o presidente.

Na noite de quarta-feira (6), Maduro apresentou um vídeo na TV estatal em que Denman, um ex-soldado das forças especiais dos EUA, confessou que ajudou a treinar o bando que tentou entrar na Venezuela pelo mar - ironicamente, boa parte dos venezuelanos sequer viu a transmissão em razão de um blecaute que atingiu o país.

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, voltou a negar que os EUA tenham participado da operação e pediu a Maduro que deixe o poder para que se possa "restaurar a democracia na Venezuela". "Não houve envolvimento direto do governo dos EUA", disse Pompeo. "Se tivéssemos participado, o desfecho teria sido bem diferente."

Na quarta-feira, Pompeo prometeu que usaria "todas as ferramentas" disponíveis para garantir o retorno dos estadunidenses presos. "Queremos trazer todos americanos de volta. Se o regime de Maduro decidir segurá-los, usaremos todas as ferramentas disponíveis para tentar recuperá-los", disse o secretário de Estado.

Na quinta-feira, Maduro afirmou que os dois serão julgados na Venezuela. "Eles confessaram sua culpa, violaram o direito internacional, violaram o direito venezuelano, estão nas mãos da Justiça e garantiremos que ela seja feita neste caso com esses dois estadunidenses e com o resto dos mercenários", disse o presidente.

Segundo o Washington Post, Goudreau contratou Denman e Berry para treinar e supervisionar a força de incursão de desertores militares venezuelanos que vivem na Colômbia. Ao jornal, Goudreau disse que estava agindo com base em um contrato assinado por Guaidó e outras figuras da oposição em Miami. Ele garantiu que o governo de Donald Trump estava ciente da operação.

O líder do grupo de oposição de Miami admitiu ter participado de discussões preliminares com Goudreau, mas disse que as negociações tinham sido encerradas. Representantes da oposição disseram que ficaram surpresos quando Goudreau apareceu em vídeo, no domingo, acompanhado por um general venezuelano desertor, para anunciar que uma operação contra Maduro havia sido lançada.

No vídeo apresentado na quarta-feira por Maduro, Denman confessou envolvimento no treinamento de uma força de 50 a 60 homens em Riohacha, uma cidade do nordeste da Colômbia, perto da fronteira com a Venezuela.

Ele disse que uniformes e armas foram fornecidos por Goudreau e o plano era capturar Maduro e levá-lo para os Estados Unidos, que o indiciaram por narcotráfico e corrupção no início do ano e ofereceram uma recompensa de US$ 15 milhões por sua captura. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.