Ao menos 30 civis morreram em ataques dos EUA no Afeganistão em maio

As forças americanas e a ONU discordam sobre a legitimidade dos alvos das operações militares neste caso

Escrito por Agence France-Presse ,

Pelo menos 30 civis foram mortos em maio em ataques dos Estados Unidos contra supostos laboratórios de drogas do Talibã no oeste do Afeganistão, de acordo com um relatório das Nações Unidas publicado nesta quarta-feira.

A missão da ONU no Afeganistão (UNAMA) "verificou 39 casos de vítimas (30 mortos, cinco feridos e quatro indeterminados), incluindo 14 crianças e uma mulher, nos ataques de 5 de maio".

O Exército americano, que realizou operações contra mais de 60 locais de produção de drogas naquele dia, questionou as conclusões da ONU e negou nesta quarta-feira em comunicado que tenha atingido civis.  

A UNAMA enviou uma missão de investigação à província de Farah (oeste) e "determinou que 17 (das vítimas) estavam trabalhando em laboratórios de fabricação de drogas". Ela também recebeu "informações confiáveis sobre pelo menos 37 baixas civis adicionais (30 mortos e sete feridos), principalmente mulheres e crianças".

Em um comunicado, as Forças dos Estados Unidos no Afeganistão (USFOR-A) disseram que "os ataques de precisão contra laboratórios de metanfetamina talibãs e combatentes talibãs em 5 de maio de 2019 visaram com precisão fontes de financiamento" dos insurgentes para realizar ataques.

As forças americanas e a ONU discordam sobre a legitimidade dos alvos das operações militares neste caso. Segundo a ONU, os laboratórios visados "não eram controlados nem gerenciados exclusivamente pelo Talibã", o que para a UNAMA não "faz deles alvos legítimos". A organização determinou que "as pessoas que trabalhavam nesses laboratórios não realizavam funções de combate". 

Por sua vez, a USFOR-A disse estar "preocupada (...) com o conceito restrito (da UNAMA) sobre os combatentes que podem ser legalmente atacados". Os militares americanos também disseram que "escolheram os alvos e o horário dos ataques para evitar mortes de não-combatentes".