Angela Merkel busca acordo para refugiados sírios na Turquia

Chanceler alemã procura articular com o presidente turco uma ajuda financeira ao país devido à entrada de migrantes sírios

Escrito por Agência Brasil ,

A chanceler alemã, Angela Merkel, viaja hoje (18) à Turquia para se encontrar com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, na procura de soluções para a crise dos refugiados. O objetivo é negociar ajuda financeira aos turcos devido à entrada de migrantes sírios.

Merkel, cujos sucessivos governos atuaram como entrave às aspirações turcas de aderir à União Europeia (UE), alterou recentemente a sua posição a favor dos pontos de vista de Erdogan, enquanto em nível interno crescem as pressões sobre a chanceler para conter a vaga de pedidos de asilo na Alemanha.

Berlim tem se manifestado relutante em relação às aspirações da Turquia para entrar na União Europeia, mas o medo parece ter começado a se dissipar devido à necessidade de aliviar a situação criada pelos refugiados que, pela primeira vez, chegam aos países da UE.

Em Istambul, Merkel vai se reunir com Erdogan e com o primeiro-ministro turco, Ahmed Davutoglu Ahmet, com quem deverá falar da luta contra o terrorismo do grupo Estado Islâmico (EI) e da crise dos refugiados.

A Turquia tem, em contrapartida, de cooperar ativamente com a Grécia na proteção das fronteiras externas da União Europeia, matéria que não é fácil, nem para Atenas e nem para Âncara, no meio do conflito com o Chipre.

Na sexta-feira, o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, anunciou que a União Europeia chegou a acordo com a Turquia sobre um plano de ação comum para as migrações, que considerou um "passo decisivo".

Em contrapartida, Bruxelas compromete-se a acelerar as negociações sobre os vistos para cidadãos turcos.

Protestos

Nesta manhã, após a notícia da chegada de Merkel ao país, um grupo de cem acadêmicos e de professores universitários da Turquia divulgou uma carta aberta em que adverte a chanceler alemã de que a reunião com o presidente turco supõe apoiar alguém que “viola” os valores da UE.

Os intelectuais turcos afirmam que a propaganda de Recep Tayyip Erdogan e do Governo Turco “provoca ódio”, que os jornais e os jornalistas estão a sen do atacados e que há violações dos direitos humanos no país.

“Nestas circunstâncias, como acadêmicos, estamos extremamente preocupados que a sua visita possa ser vista como um apoio à campanha eleitoral dos políticos que violam os mais importantes valores da UE”, informa a carta aberta.

Eles alegam que Erdogan, primeiro-ministro desde 2002 até 2014, e apesar de ser ainda o homem forte do país, não está cumprindo o princípio da neutralidade como chefe de Estado, como obriga a Constituição turca.

Os intelectuais classificam de “estranho” que a visita de hoje se realize a duas semanas das eleições gerais marcadas para 1º de novembro.