Alemanha acelera retorno à normalidade após avaliar que retardou propagação de vírus

Chanceler Angela Merkel diz que dados mais recentes sobre pandemia são "muito satisfatórios"

Escrito por AFP ,
Legenda: Chanceler alemã comemora resultados do enfrentamento alemão contra a pandemia da Covid-19
Foto: Foto: AFP

A Alemanha deu mais um passo nesta quarta-feira(6) em seu plano de desconfinamento, com a reabertura de todas as lojas e escolas e o retorno do futebol profissional em maio.  "Os dados mais recentes" sobre a evolução da pandemia do novo coronavírus "são muito satisfatórios", disse a chanceler Angela Merkel ao final de uma reunião com os governadores do país.

"Portanto, chegamos a um ponto em que podemos dizer que atingimos o objetivo de retardar a propagação do vírus", anunciou Merkel em entrevista coletiva.

A Alemanha planeja suspender quase todas as restrições impostas em meados de março para conter a disseminação de Covid-19, com a exceção do fechamento das fronteiras e da proibição de grandes eventos esportivos ou culturais com a presença de público.

No campo esportivo, o campeonato de futebol será retomado em meados de maio, embora os jogos sejam disputados sem a presença do público, o que vai permitir que os clubes recebam 300 milhões de euros em direitos de transmissão pela televisão.

A retomada da liga de futebol será precedida, no entanto, por uma semana de quarentena em um centro de treinamento, de acordo com o protocolo definido pela federação.

O plano também prevê a reabertura, a partir da próxima semana, de todas as lojas, incluindo aquelas com áreas superiores a 800 metros quadrados, que até agora permaneciam fechadas, e de todas as escolas. 

Isso afeta escolas primárias e jardins de infância, que ainda não foram beneficiados pelas medidas de desconfinamento lançadas em 20 de abril. 

No entanto, esses centros terão que adotar medidas preventivas. 

Restaurantes e hotéis também vão poder abrir a partir da próxima semana, dependendo da região.

"Temos que estar cientes de que ainda estamos no início da pandemia e que ainda temos um longo caminho a percorrer para combater o vírus", afirmou Merkel.

Prevendo o risco de uma segunda onda de infecções, que os infectologistas consideram "possível", a Alemanha vai preparar um plano de reconfinamento, de maneira muito mais localizada, por regiões, cidades ou mesmo por estabelecimentos, se for um lar de idosos ou um edifício residencial.

As medidas locais de confinamento serão ativadas se o contágio exceder 50 casos por 100.000 habitantes em um período de sete dias em uma determinada área. 

No entanto, até 5 de junho, a obrigação de respeitar a distância física de pelo menos 1,5 metro permanecerá em vigor. 

A Alemanha também espera contar com a ajuda de um aplicativo de rastreamento que alertará os usuários que decidiram participar, pois não é obrigatório, que eles entraram em contato com uma pessoa infectada. Os dados serão armazenados nos telefones dos usuários e serão mantidos por três semanas.

O governo e as regiões também decidiram que o código-fonte do aplicativo será tornado público para tranquilizar os críticos.

Asfixia

Essa normalização acelerada na Alemanha também é resultado de uma pressão crescente da população, do setor econômico e das regiões sobre Angela Merkel, que durante várias semanas tentou interromper a abertura devido ao risco de um surto.

Depois de ser elogiada por sua administração da crise de saúde, que resultou em uma mortalidade muito menor do que a de outros países europeus, a chanceler vinha sendo fortemente pressionada para iniciar o desconfinamento desde o final de abril. Ela até foi acusada, por sua prudência, de sufocar a economia e de violar liberdades individuais.

"Cada semana de paralisação custa à economia alemã centenas de milhões de euros", alertou o presidente da federação industrial BDI, Dieter Kempf. 

Manifestações começaram a se espalhar por todo o país. 

Um novo movimento, o "Resistência2000", garante que obteve mais de 100.000 adeptos em poucas semanas e já anunciou que planeja apresentar candidatos para as eleições no próximo ano.

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