Alabama aprova lei contra aborto até para casos de estupro e incesto

Estado terá a lei mais restritiva dos Estados Unidos

Escrito por Estadão Conteúdo ,
Legenda: Movimento contra o direito das mulheres de abortar cresce nos EUA com Estados aprovando leis mais restritivas
Foto: AFP

O senado do Alabama aprovou,  na terça-feira (14), a proibição de quase todos os abortos no Estado. Se o governador republicano assinar a lei, o Estado terá a lei de aborto mais restritiva em todos os EUA.

A nova legislação tornará a interrupção da gravidez, em qualquer fase, um crime, com quase nenhuma exceção. O texto foi aprovado por larga margem no Senado, controlado pelo partido Republicano. A única exceção é quando o aborto é realizado para proteger a vida da mãe.

A medida agora aguarda sanção da governadora republicana, Kay Ivey, que sempre foi crítica do aborto, mas ainda não se pronunciou especificamente sobre esse projeto.

O projeto de lei tornará o término de uma gravidez uma ofensa punível com até 99 anos de prisão ou prisão perpétua para quem o fizer. 

Estupro e incesto

O senadores rejeitaram por 21 a 11 uma tentativa da oposição de adicionar uma emenda para o interrupção da gravidez nos casos de estupro ou incesto. A única exceção aprovada foi em caso de risco para a vida da mãe.

Se a lei for sancionada pelo governador, ela entrará em vigor em seis meses. Os críticos já avisaram que vão recorrer aos tribunais. Randall Marshall, diretor executivo da American Civil Liberties Union (ACLU), do Alabama, disse que está redigindo uma queixa.

Apenas neste ano, os Estados da Geórgia, Kentucky, Mississippi e Ohio aprovaram leis que proíbem o aborto a partir do momento da detecção de batimentos cardíacos, o que já pode acontecer a partir da sexta semana de gestação.

Relato

A atriz Milla Jovovich, conhecida por seu trabalho na série de filmes Resident Evil, relatou ter sofrido um aborto há cerca de dois anos e fez um desabafo em seu Instagram após o tema ser alvo de debates nos Estados Unidos por conta de mudanças em leis em Estados como a Geórgia e o Alabama.

"Eu nunca quis falar sobre essa experiência. Mas eu não posso permanecer em silêncio quando tanto está sob risco. [...] Nossos direitos como mulheres de obter abortos seguros por médicos experientes estão novamente sob risco. [...] Incluindo em casos de estupro ou incesto", afirmou a atriz em seu Instagram na terça-feira, 14.

Em seguida, relatou sua própria experiência: "Eu mesma passei por um aborto de emergência dois anos atrás. Eu estava grávida há quatro meses e meio, e gravando em um local na Europa Oriental. Entrei em trabalho de parto prematuramente e me disseram que teria que ficar acordada durante todo o procedimento."

"Foi uma das experiências mais horríveis que já passei. Eu ainda tenho pesadelos com ela. Eu estava sozinha e sem ajuda. Quando eu penso no fato que mulheres devem enfrentar abortos em condições ainda piores que eu por causa das novas leis, meu estômago revira", complementou.