676 mortes confirmadas após passagem de ciclone no sudeste da África

No distrito de Búzi, em Sofala, mais de 180 mil pessoas foram afetadas pelos fortes ventos, chuvas e inundações que atingiram também a países vizinhos, como Madagascar, Malaui, Zimbábue e a África do Sul.

Escrito por Agência Brasil ,
Legenda: Mais de 180 mil pessoas foram afetadas pelos fortes ventos, chuvas e inundações nos países vizinhos, como Madagascar, Malaui, Zimbábue e a África do Sul.
Foto: Reuters/Agência Brasil

A passagem do ciclone Idai no sudeste da África já deixou 676 mortos, 1.528 feridos e 89 mil pessoas salvas e recolhidas nos centros de acolhimento, em Moçambique. As informações foram divulgadas pelas autoridades locais neste sábado (23). 

O fenômeno atingiu a costa do centro de Moçambique na manhã de 15 de março, o que provocou fortes ventos e chuvas que inundaram o interior do país e o leste de Zimbábue, deixando um rastro de destruição. O ministro de Meio Ambiente, Celso Correia, afirmou neste sábado que a região afetada pelo desastre alcança uma superfície de 3.000 quilômetros quadrados, apenas em Moçambique.

Após a limpeza das grandes avenidas e do resgate de pessoas ainda retidas em áreas inundadas, a próxima etapa é levar água potável à região para evitar doenças, afirmou a diretora do Unicef Henrietta Fore, que viajou a Moçambique para avaliar os danos. "O tempo é curto, estamos em um momento crítico", alertou na cidade de Beira. Fore expressou preocupação com a "água parada e os mosquitos". Também citou os "corpos em decomposição, a falta de higiene e de instalações sanitárias".

"Em Beira já foram registrados casos de cólera e as infecções de malária aumentam", alertou a Federação Internacional de Sociedades da Cruz Vermelha. "As doenças respiratórias também ameaçam virar um problema de saúde. Continua chovendo dentro das casas e para os desabrigados, que estão em escolas ou igrejas, o confinamento favorece a transmissão de doenças", advertiu a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF).

As agências da ONU e as ONGs se esforçam para socorrer as pessoas desabrigadas e com fome, mas a distribuição de ajuda é caótica. "A magnitude da situação vai muito além do que um país ou um governo podem fazer", declarou Gerry Bourke, porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PAM).

-"Dezenas de milhares de famílias perderam tudo. Há crianças que perderam os pais e comunidades que perderam escolas e clínicas", comentou o secretário-geral da Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, Elhadj As Sy, que sobrevoou as zonas inundadas. "Devemos reagir rapidamente em grande escala e nos prepararmos para auxiliar a população afetada por um longo prazo", destacou.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu na sexta-feira à comunidade internacional que multiplique as doações. A ONU já liberou 20 milhões de dólares em um primeiro pacote de ajuda de emergência.  "Mas é necessária uma ajuda internacional muito maior", disse Guterres.

Buscas
A buscas aos desaparecidos e o auxílio às comunidades isoladas continuam. Só no distrito de Búzi, em Sofala, mais de 180 mil pessoas foram afetadas pelos fortes ventos, chuvas e inundações que atingiram também a países vizinhos, como Madagascar, Malaui, Zimbábue e a África do Sul. Aproveitando que, em algumas localidades, as chuvas deram uma trégua, o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) está usando drones para vasculhar áreas isoladas onde moradores ficaram sitiados.

Parte dos desabrigados estão alojados em centros de acomodação e em escolas onde a todo instante chegam novas famílias. Nesta sexta-feira (22), o governo moçambicano prometeu que, dentro de, no máximo, 48 horas, abrirá novos centros “para aliviar as salas de aula ocupadas pelas populações que se abrigaram nos estabelecimentos de ensino”.