Obama: combater mudança climática é ideal econômico

O líder dos EUA defendeu um acordo vinculante, ao menos no que diz respeito à transparência

Escrito por Redação ,
Legenda: Obama afirmou esperar que os Estados Unidos possam manter seus compromissos relacionados ao clima para ajudar a outros países
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Washington. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou ontem que o mundo precisa de um acordo duradouro para combater as mudanças climáticas e que vai buscar um pacto para impulsionar economias, assim como ajudar o meio ambiente.

> Todos os olhares voltados a Paris

Um forte pacto climático enviaria um sinal a pesquisadores e investidores de que a mudança é necessária e irá estimular a inovação energética, disse Obama em uma entrevista coletiva na cúpula climática global da Organização das Nações Unidas (ONU), em Paris.

Barack Obama afirmou esperar que os Estados Unidos possam manter seus compromissos relacionados ao clima para ajudar outros países a atingir suas metas de energia.

"Ainda precisamos de um acordo em Paris", disse Obama. "Então, meu foco é ter certeza de que os EUA sejam um líder no esforço de levar para casa um acordo bem-sucedido".

O presidente norte-americano disse que o aumento dos níveis dos mares e o aquecimento global levariam a perdas de recursos econômicos.

"Este é um imperativo econômico e de segurança que temos que enfrentar agora", acrescentou. "Se deixarmos o mundo continuar aquecendo rapidamente como está e os níveis dos mares subindo como estão e os padrões climáticos mudando de maneiras inesperadas, então teremos que dedicar mais e mais e mais dos nossos recursos econômicos não para oportunidades do nosso povo, mas para se adaptar às várias consequências das mudanças climáticas", afirmou.

Segundo o líder norte-americano, um acordo sobre o clima deve ser vinculante, ao menos no que diz respeito à transparência e a uma revisão periódica dos objetivos de diminuição de emissão de gás carbônico.

De acordo com ele, esta deve ser uma prioridade mundial e, se algo não for feito rapidamente, "vamos ter que direcionar cada vez mais recursos, não para oportunidades de crescimento da humanidade, mas para nos adaptar às várias consequências da mudança climática". "Será difícil alcançar um acordo entre 200 países, mas estou convencido de que faremos grandes coisas".

 Reconhecimento 

A ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, saudou, ontem, a posição do governo dos Estados Unidos em favor de um acordo que tenha aspectos "legalmente vinculantes" na 21ª Conferência do Clima (COP-21) de Paris. Para a ministra, que chefia a delegação de negociadores brasileiros, as declarações são um indicativo de que a posição americana facilita o diálogo. "É uma sinalização clara da vontade política do governo Obama de ter um acordo em Paris. Se isso será suficiente ou não só o processo de negociação dirá. Essa é a dinâmica", afirmou.

"Certamente eles já indicam o caminho de ter um acordo 'legalmente vinculante', que é inclusive a posição do Brasil", disse a ministra do Meio Ambiente.

Ela ponderou, entretanto, que nada indica até aqui que a posição manifestada por Obama será acolhida como a definitiva na COP-21. "Minha vivência indica que temos de dar sinais para facilitar o diálogo por uma solução. Não quer dizer que isso que ele está propondo seja a solução de Paris", advertiu.

Em entrevista, o chefe dos negociadores americanos, Todd Stern, já tinha dito que os EUA consideram possível que se feche um acordo de caráter híbrido: que tenha uma parte obrigatória e outra não. Mas é a primeira vez que Barack Obama usa a expressão. O que, segundo alguns negociadores, pode ser visto como "sem volta".

Entraves

Com o incentivo de 150 líderes mundiais, negociadores governamentais tentavam, ontem, transformar a retórica de unidade em um texto de acordo global para reduzir a mudança climática. Mas à medida que os líderes deixavam a capital da França, ficou evidente que as divergências que têm impedido um acordo ainda permanecem sem solução. Negociadores de 195 países voltaram a trabalhar sobre um projeto de mais de 50 páginas e repleto de questões candentes a serem resolvidas.

O maior obstáculo é o dinheiro: como garantir os bilhões de dólares que as nações em desenvolvimento precisam para abandonar os combustíveis fósseis e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas.