Milhares vão ao funeral de Kaczynski

Escrito por Redação ,
Cracóvia Dezenas de milhares de poloneses deram adeus ontem ao presidente Lech Kaczynski em um funeral de estado cercado de pompa, orgulho e uma onda de patriotismo que sua liderança divisora e impopular nunca tinha gerado.

A multidão presente no funeral aplaudiu, agitou bandeiras da Polônia e entoou "Lech Kaczynski, nós lhe agradecemos" quando os caixões contendo os corpos de Kaczynski e sua mulher, Maria, foram carregados em uma procissão liderada pelo arcebispo de Cracóvia, até o histórica castelo de Wawel.

Antes de sua morte, a última pesquisa de opinião mostrou Kaczynski com 25% de aprovação, mostrando que teria grandes dificuldades para ser reeleito este ano. "Os poloneses finalmente valorizam ele", disse Ryszard Stolarski, 56, que acompanhou a celebração. "Nunca imaginei que a Polônia fosse homenagear Kaczynski desse modo."

Muitos líderes mundiais, incluindo o presidente americano, Barack Obama, não conseguiram participar do funeral devido ao caos aéreo que impera na Europa há quatro dias. O funeral aconteceu oito dias após o avião presidencial ter caído quando se aproximava de Smolensk, na Rússia. A pior tragédia a atingir a Polônia desde a Segunda Guerra matou o presidente, a primeira-dama e outras 94 pessoas, incluindo altos líderes civis e militares.

Relações com a Rússia

De certa forma, a tragédia e a resposta da Rússia a ela parecem terem dado início ao processo de curar as feridas que dificultaram a relação dos dois países por décadas. Cético com relação à Rússia e fervoroso dissidente anticomunista, Kaczynski focou mais em construir relações com os EUA.

O voo fatal de Kaczynski levava-o a um memorial para 22 mil poloneses mortos pela polícia secreta de Stalin em 1940, nos chamados massacres de Katyn. O presidente polonês queria homenagear as vítimas e pressionar Moscou para reconhecer os crimes soviéticos. O presidente russo, Dmitri Medvedev, foi ao funeral mesmo com o caos aéreo. Foi a primeira visita de Medvedev à Polônia e, antes de voltar para casa, ele declarou que os dois países estão dando "um passo em direção ao futuro".