Indonésia começa a enterrar vítimas

Governo declarou estado de emergência por 14 dias, enquanto equipes tentam resgatar e ajudar sobreviventes

Escrito por Redação ,
Legenda: Moradores de Palu caminham em meio a uma embarcação arremessada pelas ondas gigantes, de até seis metros, e a prédios que desabaram durante tsunami provocado pelo terremoto de 7,5 graus de magnitude, na última sexta
Foto: FOTO: AFP

Palu. Voluntários indonésios começaram, ontem, a enterrar, em uma grande vala comum, os corpos das vítimas do terremoto e do tsunami que atingiram a ilha Célebes, na última sexta.

A catástrofe deixou pelo menos 1.203 mortos e 59 mil deslocados. A ONU calcula que 191 mil pessoas precisam de ajuda urgente. As autoridades temem um número muito maior de mortos, pois grande parte da região afetada permanece inacessível.

"Não temos muita comida. Só conseguimos pegar o que estava em casa. E precisamos de água potável", disse Samsinar Zaid Moga, uma moradora de 46 anos de Palu.

"O mais importante são as barracas, porque choveu, e há muitas crianças aqui", afirmou sua irmã, Siti Damra.

O presidente indonésio Joko Widodo autorizou a ajuda internacional de urgência, e as autoridades declararam estado de emergência de 14 dias. Em Poboya, na colinas que cercam Palu, voluntários começaram a enterrar as vítimas em uma gigantesca vala comum, com capacidade para 1.300 corpos.

Três caminhões lotados de cadáveres chegaram ao local. Os corpos foram colocados na vala, um por um, e cobertos com terra. Em um cenário de devastação, as equipes de resgate lutam contra o tempo para encontrar sobreviventes e retirá-los dos escombros. Ontem, as equipes trabalhavam entre os destroços do hotel Roa Roa, onde as autoridades acreditam que entre 50 e 60 pessoas possam ter sido sepultadas. Muitos moradores procuram os parentes desaparecidos nos hospitais, ou necrotérios improvisados.

Fuga de presos

Fontes do governo local informaram que 1.200 detentos escaparam de três prisões da região.

Em um centro de detenção de Palu, construído para receber 120 pessoas, vários dos 581 detentos fugiram quando os muros desabaram. Na prisão de Donggala aconteceu um incêndio, ao que parece provocado pelos próprios prisioneiros, e os 343 detidos escaparam.

No momento do terremoto, 114 estrangeiros estavam na região. Vários foram resgatados e já iniciaram o processo de retorno para seus países, de acordo com as autoridades.

Anel de Fogo

A Indonésia, um arquipélago de 17.000 ilhas, fica no Anel de Fogo do Pacífico e é um dos países do mundo mais propensos a sofrer desastres naturais.

O terremoto de sexta (28), de 7,5 graus de magnitude, foi mais potente do que os tremores que deixaram mais de 500 mortos e 1.500 feridos na ilha indonésia de Lombok em agosto passado.