Grupos pró-Guaidó desocupam Embaixada da Venezuela em Brasília

Grupo havia entrado na sede da representação venezuelana, na capital Federal, em apoio a Juan Guaidó, opositor de Nicolás Maduro

Escrito por Redação ,
Legenda: Polícia Militar foi chamada por causa do tumulto provocado pela invasão do prédio da Embaixada da Venezuela pelos apoiadores de Guaidó
Foto: Foto: AFP

Após mais de 12 horas de ocupação, aliados do autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, deixaram a Embaixada do país no Brasil sob escolta policial no fim da tarde desta quarta-feira. Além do diplomata Tomás Silva, autoproclamado ministro-conselheiro, outros dez apoiadores de Guaidó saíram pela porta dos fundos, para evitar os manifestantes ligados a partidos da esquerda amontoados na entrada principal do local. Houve um princípio de confusão com os manifestantes, que se debruçaram nas grades e começaram a xingar os aliados de Guaidó.

Policiais militares usaram spray de pimenta para dispersar os manifestantes. A invasão da embaixada aconteceu no primeiro dia da Cúpula dos Brics em Brasília.

O gesto foi visto como proposital pelo Governo brasileiro e causou um constrangimento diplomático, uma vez que os líderes de China e Rússia apoiam o líder venezuelano Nicolás Maduro, ao contrário do presidente Jair Bolsonaro (PSL), cuja gestão reconheceu Guaidó como legítimo representante do país vizinho.

Na manhã desta quarta, Tomás Silva, ministro-conselheiro e número dois da embaixadora María Teresa Belandria, representante de Guaidó, invadiu o prédio da embaixada em Brasília. Nas primeiras horas da manhã, o encarregado de negócios da embaixada venezuelana em Brasília, Freddy Efrain Meregote Flores, distribuiu uma mensagem de áudio a aliados pedindo ajuda.

"Informo a vocês que pessoas estranhas estão entrando e violentando o território da Venezuela. Precisamos de ajuda, precisamos de ação imediata de todos os movimentos sociais de partidos políticos", disse Meregote na mensagem.

O episódio gerou um tumulto no local e a Polícia Militar foi chamada.

Bate-boca

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL) bateram boca com manifestantes que foram à embaixada defender o regime de Nicolás Maduro. Em uma rede social, Eduardo Bolsonaro, líder do PSL na Câmara e filho do presidente Jair Bolsonaro, afirmou que o Brasil "tem responsabilidade com a crise venezuelana provocada pelo socialismo do século XXI de Chávez e Maduro".

"Desvios do BNDES para obras na Venezuela e em Cuba financiaram o Foro de SP", continuou. Em outra mensagem, ele afirmou que a "esquerdalha foi para a porta da embaixada da Venezuela no Brasil, quero ver é ir para a Venezuela viver como cidadão venezuelano comum".

Repúdio

O presidente Jair Bolsonaro repudiou "a interferência de atores externos" em uma rede social. Já o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, discutiu o impasse na missão diplomática venezuelana com o presidente.

Embora o Brasil reconheça oficialmente Belandria como a representante de Guaidó, o país não adotou até o momento a iniciativa de expulsar os representantes do regime de Nicolás Maduro.

Existe receio no Itamaraty que uma medida dessa natureza gere reações na Venezuela, onde vive uma comunidade de brasileiros e onde há diplomatas do país trabalhando.

De acordo com interlocutores no Itamaraty, a legislação consular obriga o Governo a garantir a segurança de diplomatas que trabalham no país -mesmo aqueles de um Governo com qual o Brasil não mantém relações diplomáticas.