Espanha sofre o dia mais letal da Covid-19 com mortes de idosos

País europeu registra 462 óbitos em 24 horas. Militares encontraram idosos abandonados, inclusive alguns mortos em suas camas, em casas de repouso

Escrito por Redação ,
Legenda: Em Madri, paciente é hospitalizado em meio ao avanço do novo coronavírus
Foto: Foto: AFP

Depois da Itália, a Espanha é o país europeu que mais tem enterrado vítimas da Covid-19. Em 24 horas, morreram 462 pessoas, elevando o balanço total para 2.182, o dobro de três dias atrás, segundo o divulgado pelo Ministério da Saúde. Quase 60% das mortes se concentram na região de Madri, a mais impactada pela epidemia, que ante a saturação de seus serviços funerários decidiu habilitar como necrotério a pista de patinação no gelo de um shopping center da capital.

Os contágios também aumentaram, embora de forma mais moderada. No último balanço, passaram de 28.572 a 33.089, consolidando a Espanha como o segundo país mais castigado da Europa atrás da Itália.

"Parece que se vai suavizando progressivamente o aumento de casos que observamos a cada dia. No entanto, ainda não temos certeza de ter chegado ao pico", disse o diretor de emergência sanitária Fernando Simón, esperando alcançar este ponto nesta semana.

Idosos

Preocupa a situação das casas de repouso para idosos, tão afetadas pela epidemia que solicitaram o auxílio do exército. Em algumas, militares encontraram "idosos absolutamente abandonados, quando não mortos em suas camas", disse a ministra da Defesa Margarita Robles. E "os dias mais difíceis" estão por vir, repete sem cessar o governo, que se mobilizou para evitar o colapso do sistema sanitário, dizimado pelo contágio de quase 4 mil profissionais.

Embora tenham sido compradas milhões de máscaras e centenas de milhares de testes de detecção, foram contratados mais de 50 mil profissionais de saúde, contando com estudantes e aposentados, e um hospital de campanha foi habilitado com 1.300 leitos extensíveis a 5.500 em Madri.

Quarentena

Escolas, áreas de lazer e lojas não imprescindíveis estão fechadas em todo o país. Moradores só podem sair de casa para trabalhar ou realizar atividades básicas como comprar comida ou levar o cachorro para passear.

Embora a Polícia tenha denunciado 50 mil pessoas e praticado 477 detenções por descumpri-lo, o acompanhamento é generalizado. Ruas, praças e parques estão desertos. A mobilidade caiu 90%.

Em algumas regiões como a Catalunha, a Andaluzia e Múrcia, a determinação é de que seja feito um confinamento total, proibindo-se o trabalho presencial exceto em setores básicos.

"Prefiro que pequemos pelo excesso. Com uma ampla pandemia com estas características é melhor prevenir do que remediar", disse o líder conservador, Pablo Casado, cujo Partido Popular governa Andaluzia e Múrcia.

Para o Executivo, basta manter o cumprimento das medidas atuais. "É difícil entender em que consistem exatamente estas solicitações quando já temos uma atividade econômica muito desacelerada", argumentou Calviño, destacando que setores como o têxtil, o químico, o farmacêutico ou o de transportes são indispensáveis para o funcionamento de um hospital.

Itália

O país agarrava-se, nesta segunda-feira, à esperança de que a queda no número de mortes registrado no dia anterior seja o prenúncio de uma desaceleração da pandemia, que já deixou mais de 6 mil mortos.

"Ainda não é hora de cantar a vitória, mas vemos uma luz no fim do túnel", disse Giulio Gallera, chefe de Saúde do governo regional da Lombardia (norte), a região mais afetada da península pela pandemia.

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