Escândalo atinge o Vaticano

Escrito por Redação ,
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Assessor do papa Bento XVI é flagrado pela Polícia agendando encontros sexuais com homens

Roma. O assessor do papa Bento XVI, Ângelo Balducci, um dos Cavalheiros de Sua Santidade, uma espécie de assistente de elite para o pontífice quando recebe visitas importantes, foi flagrado em gravações feitas pela Polícia dando instruções a um interlocutor sobre detalhes físicos de homens que gostaria que fossem levados a ele. Balducci foi afastado do cargo.

O interlocutor de Balducci era o nigeriano Chinedu Thomas Ehiem, 29 anos, integrante do famoso coral do Vaticano, que também foi afastado.

A Polícia italiana havia grampeado o telefone de Balducci durante uma investigação de corrupção separada e não relacionada ao Vaticano.

Ficou claro, nas transcrições das fitas, que Ehiem telefonava regularmente para Balducci, para marcar encontros com outros homens. Segundo a Polícia, o corista procurou, pelo menos, dez homens para o assessor do papa, entre eles, modelos e um jogador de rúgbi.

Em uma das gravações vazadas para a mídia, o nigeriano descreve um homem como tendo "dois metros, 97 quilos, 33 anos e diz que é "completamente ativo". Em outra, Balducci pergunta a Ehiem se ele já "falou com o seminarista", ao que ele responde "ele provavelmente está na missa, ou algo assim".

Em entrevista para a revista italiana "Panorama", Ehiem, que diz "cantar no coro de São Pedro", mas que "não é um religioso", afirma que "um amigo italiano vivendo da prostituição lhe apresentou Balducci há mais de 10 anos". Disse, também, ter aceitado manter relações sexuais com ele "durante cinco ou seis meses", para solucionar dificuldades financeiras e familiares.

O relacionamento foi interrompido em seguida e, "após um longo período", Balducci voltou a aparecer para pedir que arranjasse encontros pela Internet. Segundo o nigeriano, o italiano preferia "os mais maduros, de 40 anos ou mais" e lhe dava (a ele, Ehiem) "de tempos em tempos 50 ou 100 euros, não mais de 1.000 ou 1.500 euros ao ano", especificou. O último encontro entre os dois datava de janeiro passado, quando o corista afirma que conseguiu "um húngaro de cerca de 40 anos, moreno" para Balducci, preso no dia 10 de fevereiro.

O Vaticano anunciou que Bento XVI está ciente do caso. Embora o título de Cavalheiro da Sua Santidade não possa ser revogado, porque é vitalício, o pessoa pode deixar de ser convocada para cumprir funções, uma exclusão indireta. Por tradição, a Santa Sé não se pronuncia antes do julgamento definitivo de uma pessoa e de sua condenação pela Justiça.

Ontem, a Igreja Católica Romana da Alemanha revelou acusações contra padres que teriam violentado e abusado sexualmente de meninos em pelo menos três escolas da Baviera, cidade-natal do papa Bento XVI. Um dos casos teria ocorrido no renomado coral já liderado pelo irmão do pontífice, o reverendo Georg Ratzinger, 86 anos.

Ratzinger, que liderou o coral de 1964 a 1994,afirmou não saber de nenhum abuso no coral da catedral de Regensburg.

A diocese afirmou que um padre abusou sexualmente de dois meninos em 1958 e foi sentenciado a dois anos de cadeia. Outro clérigo foi detido por 11 meses em 1971 por abusos. Ambos já morreram.

A diocese afirmou também que três homens alegaram ter sofrido abuso sexual, espancamentos e humilhações nos anos 1960 enquanto estudavam em colégios ligados ao coral.