Entrevista com a embaixadora cearense Edileuza Fontenele Reis

Fortalecer imagem do Brasil no exterior é desafio da diplomacia

Escrito por Carol Curvello ,
Legenda: Edileuza Fontenele já foi cônsul-geral adjunta em Tóquio (1996-2001) e Roma (2001-2004). De 2014 a 2017, cônsul-geral em Paris
Foto: Foto: Divulgação

Natural de Viçosa do Ceará, a diplomata Maria Edileuza Fontenele Reis saiu do Estado aos seis anos e se orgulha de chegar, aos 65 anos de idade, ao posto de embaixadora.

No dia 21 de agosto, o Senado aprovou sua indicação para a Embaixada brasileira da Bulgária e Macedônia do Norte. Ela já foi cônsul-geral adjunta em Tóquio (1996-2001) e em Roma (2001-2004). De 2014 a 2017, foi cônsul-geral em Paris, na França.

O que a motivou a seguir a carreira diplomática?

A perspectiva de enriquecimento humano e cultural que a carreira diplomática nos propicia ao nos levar a viver e trabalhar em diferentes países em defesa dos interesses da sociedade brasileira. Foi o que me motivou, ainda em 1978, a ingressar no Instituto Rio Branco. São grandes os desafios que enfrentamos ao ter que viver como estrangeiros no exterior, mas são imensas as recompensas no plano da ampliação e fortalecimento de nossa cultura humanística.

Quais as expectativas como embaixadora na Bulgária e Macedônia do Norte?

Como delegada permanente do Brasil junto à Unesco, tive a satisfação de ser eleita como vice-presidente do Conselho Executivo e vice-presidente do Comitê do Patrimônio Mundial, cargos que elevaram a responsabilidade e visibilidade do Brasil na Organização. No exercício da diplomacia parlamentar multilateral, pude promover iniciativas de grande interesse do Brasil, nas áreas de educação, cultura, ciências naturais e sociais, bem como comunicação e informação. Destaco a introdução pelo Brasil no tema da inteligência artificial na agenda da Unesco, bem como a recente eleição de Paraty-Ilha Grande na lista do Patrimônio Mundial, além da promoção da inclusão de cidades brasileiras, entre elas Fortaleza, na rede de cidades criativas da Unesco. Com o mesmo entusiasmo, preparo-me para assumir as funções de embaixadora junto à Bulgária e à República da Macedônia do Norte, desta vez em atividades bilaterais centradas na promoção da ampliação e diversificação do comércio bilateral, do aprofundamento do diálogo político, da divulgação de nossa rica cultura, da intensificação do intercâmbio acadêmico, da prospecção de novas áreas de enriquecimento da agenda bilateral em áreas de interesse.

Quais os desafios da política externa do Governo?

Há desafios permanentes e circunstanciais. No momento, creio que o fortalecimento de nossa imagem internacional no que se refere à preservação do meio ambiente, área em que o Brasil sempre se destacou como ator pioneiro e de grande relevo, é desafio no qual todo o País se encontra fortemente empenhado.

O Brasil tem uma boa relação com a União Europeia?

Quando exerci a função de Diretora-Geral do Departamento da Europa, entre 2006 e 2010, trabalhei intensamente no lançamento da parceria estratégica entre o Brasil e a União Europeia, motivada pela percepção de que o aprofundamento e a diversificação da cooperação com a UE seria passo importante, inclusive para o avanço das negociações do Acordo Mercosul-UE, cujas negociações iniciaram-se ainda em 1999.

Como cearense, o que sente mais falta do Ceará e quais são as suas raízes com o nosso Estado?

O Ceará é a fonte de valores que alimenta minhas raízes. Tenho imenso orgulho de ser uma embaixadora cearense e fiquei muito emocionada quando recebi, em outubro de 2006, os cumprimentos do então governador Lúcio Alcântara, por ocasião de minha promoção ao posto mais alto da carreira de diplomata. Em minha atuação na Unesco, procurei estimular o Ceará a buscar maior projeção na agenda da Unesco, como a candidatura de Fortaleza a Cidade Criativa, de Sobral a Cidade do Aprendizado, bem como a inclusão de sítios naturais do Estado na lista do Patrimônio Mundial da Unesco (Jericoacoara, Canoa Quebrada e Cumbuco são lugares de beleza ímpar). Também tive imensa satisfação de encaminhar, juntamente com a primeira-dama do Ceará, Onélia Santana, importante agenda na área de educação, com a valorização de seu programa Mais Infância Ceará.