China e Estados Unidos anunciam "fase um" do acordo comercial

Trégua na guerra comercial entre os dois países acontece após 20 meses de uma crise que debilitou a economia mundial. O anúncio foi feito em meio à possibilidade de processo de impeachment contra Donald Trump

Escrito por Redação , mundo@svm.com.br
Legenda: No começo de novembro, houve encontro entre o presidente Donald Trump e o presidente da China, Xi Jinping, em Pequim
Foto: Foto: Nicolas Asfouri/AFP

Após meses de negociações, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, ontem, o fechamento da primeira fase de um acordo comercial com a China. A decisão de concluir, pelo menos, parte das conversas acontece em meio ao desgaste que a disputa com Pequim tem causado à sua popularidade às vésperas da eleição de 2020.

Em entrevista às 23h do horário chinês, oficiais do país asiático também anunciaram o acordo, mas com termos dissonantes dos divulgados pelo presidente americano.

Em seu Twitter, Trump afirmou que as tarifas de 25% já aplicadas sobre US$ 250 bilhões em itens chineses "permanecerão como estão", mas o restante das importações que chegam de Pequim terão alíquota de 7,5% - esse valor representa metade dos 15% que estavam sendo cobrados desde setembro sobre US$ 125 bilhões em bens de consumo.

O presidente disse ainda que vai suspender taxas em cima de US$ 156 bilhões também sobre bens de consumo chineses que entrariam em vigor no domingo (15).

Em seguida, Trump disse a repórteres na Casa Branca que vai usar as tarifas remanescentes como vantagem nas negociações da fase 2 do acordo que, segundo ele, começam imediatamente.

Comunicado, divulgado pelo escritório do representante comercial dos EUA, confirmou as tarifas de 25% mantidas sobre cerca de US$ 250 bilhões de importações chinesas junto a 7,5% de tarifas a US$ 120 bilhões dos demais produtos.

Acertos

Em troca, diz Trump, a China prometeu comprar mais produtos agrícolas, de energia e bens manufaturados dos americanos, o que seria um afago aos fazendeiros que apoiaram o republicano em 2016, mas estavam insatisfeitos com os prejuízos nas plantações de soja e milho, por exemplo, desde que a guerra de tarifas começou, em 2018.

O anúncio aconteceu no mesmo momento em que o Comitê Judiciário da Câmara aprovou as duas acusações de processo de impeachment contra Trump. O republicano tem o hábito de fazer grandes anúncios ou declarações polêmicas em meio a publicações de notícias que considera ruim o seu governo.

Na coletiva em Pequim, oficiais chineses não responderam a perguntas de jornalistas sobre o valor exato das importações agrícolas americanas, uma das maiores partes do acordo. Estimava-se US$ 50 bilhões (R$ 205 bilhões), mas oficiais apenas disseram que as compras serão ampliadas por uma "margem notável".

O texto da primeira fase do acordo tem nove capítulos e ainda precisa ser revisto legalmente pelos países para ser assinado e entrar em vigor.

Estados Unidos e China anunciaram, ontem, ter alcançado a primeira fase de um acordo, marcando uma trégua na guerra comercial entre os dois países que já durava cerca de 20 meses

Acusações contra Trump aprovadas

O Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes aprovou, ontem, dois artigos da acusação de impeachment contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele é acusado de abuso de poder e obstrução do Congresso, o que abre caminho para uma votação pelo pleno da Câmara na próxima semana.

Os artigos foram aprovados no comitê com voto de 23 democratas, enquanto 17 republicanos se opuseram a ele. Caso o pleno da Câmara aprove pelo menos um dos quesitos pelo impeachment, o assunto irá para o Senado, controlado pelos republicanos. Nesse caso, a expectativa é que a oposição não tenha a maioria de dois terços necessários para retirar o presidente do posto.