Atirador invade escola e mata 20 crianças nos Estados Unidos

Escrito por Redação ,
Após ter tirado a vida da própria mãe, jovem seguiu para escola onde assassinou outros seis adultos

New York A Polícia confirmou, na noite de ontem, a morte de 26 pessoas após um atirador invadir uma escola na cidade de Newtown, em Connecticut, nos Estados Unidos. Dentre as vítimas do incidente, 20 são crianças e outras seis são funcionários e professores da escola.

Um dia traumático: crianças se amparam após homem ter invadido sala de aula e aberto fogo contra professores, estudantes e funcionários. O massacre em Sandy Hook só ficou atrás do ataque na universidade Virginia Tech, em 2007 FOTO: REUTERS


Inicialmente, a imprensa americana identificou o atirador, que morreu no local, como Ryan Lanza, de 24 anos. Depois, a informação foi retificada: o morto seria Adam Lanza, de 20 anos.

Os agentes dizem que receberam a denúncia por volta das 9h30 locais (12h30 em Brasília) e entraram na escola Sandy Hook sem impedimentos do atirador. Morreram 18 crianças no local, e outras duas no hospital. Seis adultos também morreram no ataque, além do próprio criminoso, que cometeu suicídio.

Antes de invadir a escola, o criminoso assassinou a própria mãe, que era auxiliar de professora. Nancy Lanza tinha 56 anos e foi morta com um tiro na cabeça em sua casa.

Segundo testemunhas, o atirador entrou em duas salas de aula e abriu fogo contra alunos e professores de forma indiscriminada. A diretora e a psicóloga da escola estão entre os mortos.

Os policiais disseram que após os disparos Adam Lanza cometeu suicídio. Com ele, foram encontradas três armas, sendo duas pistolas e um revólver, e um colete à prova de balas, que foi apreendido. De acordo com testemunhas, o criminoso estava mascarado.

Os outros funcionários e crianças foram retirados do prédio e levados para um quartel dos bombeiros próximo ao local, enquanto os corpos das vítimas continuaram até a noite de ontem na escola.

Crime histórico

A tragédia de ontem é uma das mais graves ocorridas em escolas nos Estados Unidos. O número de vítimas é o segundo maior em ataques do gênero, só ficando atrás do massacre de 2007 na universidade Virginia Tech, que deixou 32 mortos.

O tiroteio de ontem ocorreu na escola Sandy Hook, que tem cerca de 600 alunos com idades variando entre 5 e 10 anos e 39 professores.

Newtown é uma cidade de cerca de 27.500 habitantes, subúrbio da capital estadual, Hartford, e situada 128 quilômetros a nordeste de Nova York.

População abalada

O caso deixou as crianças abaladas e trouxe pânico para a cidade. Um aluno de nove anos disse à emissora americana "NBC" que estava na aula de educação física quando aconteceu o tiroteio. "Eu escutei sete explosões fortes e o professor nos disse que tínhamos que correr e nos amontoamos. Todos nós começamos a chorar. Foi quando os professores disseram para a gente ir à secretaria onde ninguém poderia nos encontrar. Depois, a Polícia disse para a gente sair".

Stephen Delgiadice, pai de uma menina de oito anos, disse que sua filha ouviu duas explosões e os professores pediram que ela ficasse em um canto. "É preocupante, especialmente nesta cidade, que sempre imaginamos ser o lugar mais seguro dos Estados Unidos", afirmou.

Imagens das emissoras norte-americanas mostraram a Polícia e ambulâncias no local, e pais correndo em direção a escola.

"Foi horrendo. Todo mundo estava histérico, pais, alunos. Havia crianças saindo da escola sangrando. Eu não sei se eles foram baleados, mas eles estavam sangrando", disse Branda Lebinski, mãe de uma aluna.

Na noite de ontem, o Consulado do Brasil em Hartford, Connecticut, indicou que não havia brasileiros entre as vítimas do massacre em Newtown. "Estamos cautelosos, aguardando a lista de nomes", disse o cônsul-geral adjunto Nestor Foster.

Connecticut é um Estado com uma das maiores populações de imigrantes brasileiros nos EUA.

Obama pede ação contra tragédias

Washington Contendo as lágrimas, o presidente norte-americano, Barack Obama, expressou, ontem, seu "pesar arrasador" pelo massacre em Newtown, e pediu à população que deixe a política de lado e aceite uma "ação significativa" para evitar novas tragédias desse tipo.

"Já suportamos muitas dessas tragédias nos últimos anos", disse o presidente com a voz embargada, em um pronunciamento televisivo na Casa Branca.

Barack Obama qualificou o incidente como "crime hediondo" e disse que "nossos corações hoje estão partidos, pelos pais e avós, irmãs e irmãos dessas criancinhas e pelas famílias dos adultos que perdemos".

"Nossos corações estão partidos pelos pais dos sobreviventes também, porque, por mais abençoados que eles sejam de terem seus filhos em casa nesta noite, eles sabem que a inocência dos seus filhos foi arrancada deles cedo demais e que não há palavras que aliviem sua dor".

Durante o discurso, na sala de imprensa da Casa Branca, Obama fez várias pausas e respirou profundamente, algumas vezes enxugando as lágrimas que insistiam em rolar. "Sei que não há um pai (nos Estados Unidos da) América que não sinta o mesmo pesar arrasador que eu sinto", afirmou ele, que não chegou a propor medidas para o controle de armas no país.

FIQUE POR DENTRO

País já enfrentou sete tiroteios neste ano

O tiroteio de ontem em uma escola primária de Connecticut foi a sétima tragédia de uma série de crimes envolvendo atiradores nos Estados Unidos neste ano. Até a chacina de Newtown, 35 pessoas haviam sido mortas em ataques de atiradores. O primeiro caso foi em 2 de abril, quando um homem assassinou sete pessoas e feriu três ao fazer disparos contra uma universidade cristã em Oakland. No dia 20 de julho, um mascarado abriu fogo contra espectadores do filme Batman - O Cavaleiro das Trevas, em Aurora, no Colorado, deixando 12 mortos e 58 feridos. Um mês depois, duas pessoas morreram e oito ficam feridas num tiroteio no lado de fora do Empire State Building, na cidade de Nova York.

Vítimas

26 pessoas estão entre os mortos no tiroteio de Newtown. O assassino, Adam Lanza, cometeu suicídio após a chacina na escola