Atirador diz ser Coringa e mata 12 em cinema

Escrito por Redação ,
Homem mascarado feriu 59 pessoas no Colorado. Ele foi preso no estacionamento do shopping center

O jovem suspeito, de 24 anos, foi preso minutos depois do crime e não apresentou resistência. Foto: Reuters

Denver O apartamento do acusado pela chacina de ontem num cinema do Colorado, nos Estados Unidos, tem tantas armadilhas explosivas que a Polícia concluiu que não seria possível desarmá-las com segurança. As autoridades optaram por fazer uma detonação controlada, segundo uma fonte policial. O prédio do atirador e vários imóveis vizinhos foram desocupados para fazer a detonação.

O homem vestido com uma máscara e um colete à prova de balas abriu fogo contra 71 pessoas na cidade de Denver, no Colorado, Estados Unidos, na madrugada de ontem, matando 12 pessoas e ferindo outras 59. As vítimas assistiam à estreia do filme "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge"

A Polícia deteve o suspeito, James Eagen Holmes, de 24 anos, que vestia uma armadura e tinha três armas de fogo quando foi preso. Ele se rendeu sem apresentar resistência. Segundo os policiais, Holmes levava um carregador com mais de 100 balas, que foram compradas de forma legal nos últimos seis meses.

O ataque feriu inclusive crianças em um shopping no subúrbio de Aurora, que se transformou em uma cena caótica, com vítimas ensanguentadas, gritos de horror e pedidos de ajuda, afirmaram testemunhas.

Segundo o chefe de Polícia de Aurora, Dan Oates, as primeiras ligações sobre o ataque aconteceram por volta de 0h39. De acordo com o membro da comissão de Polícia de Nova York, Ray Kelly, Holmes era "claramente um indivíduo transtornado", que teria dito ser o personagem Coringa antes de começar o tiroteio. "Ele tinha o cabelo pintado de vermelho, disse que era o Coringa, obviamente o inimigo do Batman".

O suspeito estava com dois explosivos antes de disparar com um fuzil AR-15, uma escopeta calibre 12 e pelo menos duas pistolas. Para os agentes, o crime foi premeditado.

Holmes foi identificado como estudante de medicina da Universidade do Colorado, que estava no processo de abandono de um programa de pós-graduação em neurociência. A família divulgou declaração de condolências e pediu privacidade enquanto "processa essa informação".

Cenas do crime


Testemunhas descreveram cenas de desespero após o tiroteio que aconteceu durante a exibição do filme em uma sala de cinema localizada em Denver, no estado do Colorado, nos Estados Unidos. fotos: reuters

O atirador apareceu na frente da tela durante a exibição do filme e jogou uma lata que emitiu um som sibilante antes de abrir fogo, afirmou a Polícia. A confusão se instalou já que os disparos foram durante uma cena de ação de "Batman", um dos filmes mais aguardados do ano. O atirador pode ter se misturado às outras pessoas do público que vestiam fantasias de heróis e vilões.

"Nós continuamos a assistir o filme por um momento", disse à "ABC" uma testemunha, identificada apenas como Jack. Em seguida, após se darem conta que os tiros eram reais, "todos entraram em pânico".

"Parecia que ele estava vestido de militar ou como se fosse uma pessoa do Swat, então ele meio que se misturou com o caos. As pessoas pensaram que provavelmente ele era um policial ou algo do gênero", disse a testemunha Jennifer Seeger.

"Quando saímos do cinema, estava o caos. Havia um cara que estava de quatro engatinhando. Havia uma garota cuspindo sangue. Havia buracos de balas nas costas de alguns, nos braços das pessoas. Havia um cara que estava só de cuecas. Parecia que estava baleado nas costas ou algo assim. Uma loucura", disse a testemunha Donovan Tate à emissora de TV "KCNC". Após o tiroteio, a Polícia de Nova York decidiu reforçar a segurança nos cinemas da cidade onde está sendo exibido Batman. A medida foi tomada como uma precaução contra imitadores e para melhorar os níveis de conforto das pessoas que querem ir ao cinema.

Outros massacres

O tiroteio evocou memórias do massacre de 1999 na escola de Ensino Médio Columbine, em Littleton, também um subúrbio de Denver, onde dois estudantes abriram fogo e mataram 12 alunos e um professor.

Em outros países, também houve massacres semelhantes nos últimos anos. Em abril de 2011, Wellington Menezes de Oliveira invadiu a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, no Rio de Janeiro, matou 12 alunos e depois se suicidou. Três meses depois, em 22 de julho, Anders Breivik matou 77 pessoas na Noruega. Já o estudante de medicina Mateus da Costa Meira matou três pessoas, em 1999, durante a exibição do "Clube da Luta", em São Paulo.

Obama e Romney param campanha

Washington O presidente dos EUA, Barack Obama, interrompeu a campanha na Flórida ontem para retornar à Casa Branca após o que ele classificou como "horrível e trágico" tiroteio em massa em um cinema no Colorado. Tanto Obama quanto seu rival, o republicano Mitt Romney, paralisaram a acirrada disputa pela Casa Branca a fim de expressar pesar sobre o mais mortal tiroteio do país.

Obama disse que estava "chocado e triste" com o ocorrido e pediu para a nação "unir-se como se fosse uma só família". Romney, em comunicado, afirmou que estava "profundamente triste com as notícias da violência sem sentido".

"Michelle e eu estamos chocados e tristes com o horrível e trágico tiroteio em Colorado. Agentes federais e locais ainda estão respondendo, e minha administração fará tudo o que puder para dar apoio ao povo de Aurora neste momento extraordinariamente difícil", disse.

Após o ataque, o presidente ordenou que as bandeiras do país em prédios públicos e militares fossem colocadas a meio mastro. "Haverá outros dias para a política. Hoje é um dia de oração e reflexão", afirmou.

Romney também alterou o programa de campanha que o levou a Bow, em New Hampshire, onde fez três minutos de silêncio e pediu aos americanos que rezem pelas vítimas e suas famílias. "Nossos corações estão cortados pela tristeza desta tragédia", declarou.

São Paulo viveu tragédia parecida

Em 1999, o estudante de medicina Mateus da Costa Meira abriu fogo contra os espectadores do filme "Clube da luta" em shopping de São Paulo

O massacre no Colorado traz tristes lembranças aos brasileiros. Há 12 anos, em São Paulo, um estudante também abriu fogo sobre espectadores num cinema de um shopping, deixando três mortos e seis feridos.

No dia 3 de outubro de 1999, o graduando em medicina, Mateus da Costa Meira, que tinha 25 anos, invadiu a sala de cinema e acionou sua submetralhadora, disparando nada menos que 40 tiros contra a plateia, que assistia ao filme "Clube da luta".

A tragédia mereceu um destaque do Diário do Nordeste que, na sua edição do dia 4 de outubro, contou detalhes do atentado e refletiu sobre a propagação da violência no Brasil e sobre o aumento da insegurança.