Após vitória eleitoral, Cristina Kirchner se livra de dois processos

Com o retorno ao poder, vice-presidente eleita da Argentina começa a ser favorecida por decisões judiciais, que arquivam denúncias de enriquecimento ilícito, manipulação do mercado de câmbio e esquema de lavagem de dinheiro

Escrito por Redação ,
Legenda: Vitoriosa na eleição presidencial de domingo, Cristina Kirchner, vice de Alberto Fernández, passou a conseguir vitórias no Judiciário
Foto: Foto: AFP

A vice-presidente eleita da Argentina, Cristina Kirchner, recebeu, nesta terça-feira, sua primeira boa notícia depois das eleições. Dois processos aos quais ela estava respondendo na Justiça simplesmente caíram por "falta de mérito", segundo a Câmara Federal que as investigava.

São processos menores em comparação com os nove outros que a ex-presidente ainda enfrenta. Porém, podem sinalizar que a Justiça esteja começando a adotar uma posição mais branda com relação às causas enfrentadas pela vice-presidente.

É preciso lembrar que algo similar ocorreu em 2015, quando a Justiça também decidiu retirar, por "falta de evidências", a participação de Mauricio Macri num escândalo em que várias pessoas relacionadas a ele haviam sido grampeadas ilegalmente. Naquela ocasião, o processo não caiu, e outras pessoas foram condenadas, mas o presidente foi retirado da causa.

Os processos a que Cristina não terá mais de responder são relativos a negociação de contratos de obras públicas durante sua gestão como presidente (2007-2015), uma relacionada à construção de vias urbanas e o outro, o de contratação de provedores de gás.

No caso do gás, apenas Cristina está sendo deixada de fora do processo, mas a ação segue incluindo outros funcionários de sua gestão, como o ex-ministro do Planejamento, Julio De Vido, que está preso.

O outro processo se refere ao recebimento de US$ 15 mil em subornos para favorecer empresas em contratos para obras de corredores viários. Nele, Cristina era acusada de corrupção passiva.

Outros processos seguem em andamento, embora o foro privilegiado da até agora senadora e, depois de 10 de dezembro, vice-presidente, seja um obstáculo para processá-la. Ela teria de ter o foro retirado pelo Congresso ou responder ante a Corte Suprema, dependendo do delito.

Essas causas são as de enriquecimento ilícito, de especulação com informação privilegiada sobre o valor da moeda norte-americana, e o esquema de lavagem de dinheiro armado em torno da rede de hotéis da família, na Patagônia (sul do país) e outros.

Brasil

Já o presidente em exercício, Hamilton Mourão (PRTB), disse, ontem, que não cumprimentou o presidente eleito da Argentina, o peronista Alberto Fernández. Segundo Mourão, a decisão sobre conversar com Fernández cabe ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). 'Não vou atravessar o samba nisso aí", declarou.

Aliado de Bolsonaro, Mauricio Macri foi derrotado no primeiro turno do pleito argentino. O presidente brasileiro lamentou o resultado e disse que não irá cumprimentar a chapa vencedora.

Bolsonaro também ficou incomodado com uma imagem publicada por Fernández, horas antes do resultado, em defesa do ex-presidente Lula, preso desde o ano passado, no âmbito da Lava Jato. "O primeiro ato do Fernández foi Lula livre, dizendo que está preso injustamente. Já disse a que veio", declarou Bolsonaro.