África do Sul e Mundo homenageiam Mandela

Ícone da paz mundial e da luta contra o racismo tem legado festejado em eventos como marchas, shows e torneios

Escrito por Redação ,
Legenda: A imagem de Nelson Mandela sorridente ilustrou diversos locais do país em que ele nasceu, como em Colombo, onde crianças de uma escola e jogadores do time de críquete do país comemoram o centenário do herói da luta por igualdade racial
Foto: FOTO: AFP

Joanesburgo Cem anos após o nascimento de Nelson Mandela, a África do Sul homenageou, ontem, este ícone da luta contra o apartheid com uma marcha simbólica liderada por sua viúva, Graça Machel, e um fórum organizado pelo ex-presidente dos EUA, Barack Obama.

Todos os anos, o "Mandela Day", que marca o nascimento em 18 de julho de 1918 de "Madiba", o apelido do líder sul-africano, é comemorado em todo o mundo. "Atuem, inspirem-se na mudança, façam de cada dia um Dia Mandela", exorta a fundação que leva seu nome.

"A maioria das pessoas lembra de Mandela como um velho homem de cabelo branco como o meu", declarou Obama diante de 200 jovens reunidos em Joanesburgo para uma formação de liderança. "Mas ele começou a tentar libertar seu país quando era muito jovem. Ele tinha a idade de vocês. Ele me inspirou e eu me lancei", afirmou, incitando o público a fazer o mesmo.

Na terça-feira (17), em um discurso em um estádio em Joanesburgo para 15.000 pessoas, o ponto alto das comemorações em homenagem a "Madiba", Obama lembrou "a onda de esperança que tomou conta do mundo" depois da libertação de Mandela em 2 fevereiro de 1990, após 27 anos de prisão.

Quatro anos depois, sem derramar sangue após décadas de um regime racista branco, Mandela se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul, cargo que ocupou até 1999.

"Graças a seu sacrifício e a sua forte liderança, e talvez ainda mais a seu exemplo moral, Mandela (...) personalizou as aspirações das pessoas desfavorecidas", lançou Obama em uma homenagem emocionante a um "gigante da História".

"Isso mostra a nós, que acreditamos na liberdade e na democracia, que teremos que lutar ainda mais para reduzir a pobreza".

Pobreza

A África do Sul, maior potência industrial do continente africano, é hoje o país menos igualitário do mundo, de acordo com o Banco Mundial. O país inteiro homenageia Mandela com shows, exposições, torneios esportivos e publicação de livros. Seu rosto sorridente também ilustra novas cédulas de dinheiro.

Desmond Tutu, companheiro de luta de "Madiba", saudou um homem "que é o perfeito exemplo de humanidade". "Os princípios que conduziram sua vida são os princípios universais do amor, da justiça, do respeito ao outro", declarou o Prêmio Nobel da Paz de 86 anos em um vídeo.

O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, protegido de Nelson Mandela, comemorou o evento na cidade natal de "Madiba" em Mvezo, na província de Cabo Oriental, onde inaugurou uma clínica. Mandela "nos conduziu da brutalidade do conflito e da opressão à terra prometida, uma terra de liberdade, democracia e igualdade", disse ele.

"Era um verdadeiro revolucionário que tinha isso no sangue", ressaltou. Quase 25 anos após o fim oficial do apartheid, porém, a pobreza persiste na África do Sul, a economia desmorona, e o racismo continua alimentando tensões. Muitos questionam os sucessores de "Madiba" e a corrupção que gangrena a alta cúpula do Estado, especialmente sob a presidência de Jacob Zuma (2009-2018).

Já a ONU reivindicou, ontem, o legado de Nelson Mandela (1918-2013), mas advertiu que o seu sonho não estará completo até que a pobreza termine "e não deixe ninguém par trás".

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu que os valores que Mandela defendeu, como a paz e o perdão, não se transformem em "ideais vagas", mas em "ações concretas que todos possamos realizar". "Superar a pobreza não é um gesto de caridade, mas de justiça", disse.

Em 2009, a ONU declarou 18 de julho como o Dia Internacional de Nelson Mandela, que após 27 anos e meio na prisão se tornou o primeiro presidente negro da África do Sul, em 1994.

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