Venezuelanos refugiados são transferidos para "Casa de Convivência"

A Prefeitura de Fortaleza encaminhou a um abrigo, na Barra do Ceará, os 29 venezuelanos que moravam no Centro de Fortaleza. Os imigrantes estavam em situação sub-humana e extrema vulnerabilidade socioeconômica

Escrito por Redação ,
Legenda: Imigrantes venezuelanos, ontem à noite, já se encontravam em um abrigo na Barra do Ceará
Foto: Foto: JL Rosa

Um grupo de 29 imigrantes venezuelanos que moravam em situação de extrema vulnerabilidade, no Centro de Fortaleza, foi transferido para um abrigo chamado "Casa de Convivência", no Bairro Barra do Ceará, ontem (22). A situação dos estrangeiros havia sido denunciada pela Comissão de Direitos Humanos da secção cearense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-CE).

A entidade apontou um grupo de aproximadamente 40 venezuelanos que chegaram a Fortaleza, no último dia 16 de maio. A transferência para o abrigo com condições de acomodá-los ocorreu após uma reunião da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos, na tarde de ontem, "com toda a rede de acolhimento para tratar dos encaminhamentos possíveis".

Diferentemente do número apontado pela OAB-CE, Elpídio Nogueira, titular da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), da Prefeitura de Fortaleza, informou que uma equipe de agentes foi ao local e identificou 29 venezuelanos na situação denunciada - entre eles, crianças. Todos foram transferidos para a Barra do Ceará.

"Terminamos de fazer o acolhimento deles em um equipamento nosso, provisoriamente, enquanto estamos lidando com a Polícia Federal para ver a questão da documentação, com a Secretaria da Saúde para ver a vacinação deles, e com a SDHDS para ver as necessidades de alimentação e roupa", revela.

Vulnerabilidade

Antes da transferência, os imigrantes se encontravam em situação de extrema vulnerabilidade socioeconômica. O grupo chegou em um ônibus que veio de Belém, cidade onde permaneceu por sete meses. Antes disso, esteve em Manaus, de onde precisou sair pelos mesmos motivos que os fez deixar a capital paraense.

Intercalando palavras em espanhol e português com o seu próprio dialeto, um dos imigrantes (cuja identidade será preservada) conta que as prefeituras de ambas as cidades informaram, após alguns meses, que não havia recursos para mantê-los em abrigos.

Já em solo cearense, a 'comunidade' desembarcou na Praça José de Alencar, e começou a vagar em busca de abrigo. A única possibilidade era dividir o grupo em cinco quartos de um imóvel ainda em reforma, com algumas paredes sem revestimento e buracos no chão.

A cobertura danificada do local se desgastou ainda mais com as chuvas, acumulando água dentro da construção. Para as famílias, além do alimento, faltam roupas, colchões e lençóis. José (nome fictício) revelou que a dificuldade em conseguir emprego se repetiu em todas as cidades por onde passou nos últimos dois anos.

"Alguns vão pedir (dinheiro) nas ruas. Quando compramos um prato de comida, é para dividir para mim, minha mulher e nossos três filhos. Eram quatro, mas um morreu ainda na Venezuela", lembra.

No país de origem, o irmão do imigrante venezuelano aguarda a oportunidade para juntar-se a ele no Brasil, mas ainda não tem dinheiro o bastante para a viagem. "Ele pede para eu avisar quando conseguir uma casa, porque quer vir também. Aqui está ruim, mas lá acabou remédio, acabou tudo", explica.

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