Tratamento alternativo contra o tabagismo é ofertado em Fortaleza

Posto de saúde de Fortaleza desenvolve terapias de relaxamento e exercícios alternativos para controlar o uso de cigarros em pacientes em associação às medicações já utilizadas neste tipo de tratamento

Escrito por Redação , metro@svm.com.br
Legenda: Reiki está entre terapias alternativas realizadas em dependentes
Foto: FOTO: KID JÚNIOR

Na ponta dos dedos, a idosa Antônia Batista descobriu a sensação de fumar quando tinha apenas 10 anos. O hábito, que no decorrer dos anos lhe tirou disposição física e gerou ansiedade, começou a ser vencido no último mês de novembro, em um projeto de terapia integrativa de combate ao tabagismo.

A iniciativa surgiu em outubro de 2019, no Posto de Saúde Luís Franklin Pereira, no bairro Coaçu, em Messejana e, além de medicamentos, promove palestras, auriculoterapia, reiki e massoterapia, em que 22 pacientes já passaram por todas as etapas do tratamento.

"Eu fui aprender a fazer um trabalho com primas minhas que fumavam. Elas mandavam eu acender o cigarro para elas e quando me vi, eu estava viciada", lembra Antônia, que hoje está com 64 anos. A feirante buscou ajuda em hospitais, mas viu o problema ganhar uma solução quando passou a associar o uso de remédios e de terapias alternativas. "Tem sessões de reiki que são muito boas para nossa alma, corpo e mente. Ajuda a relaxar, a tirar dores e é muito bom", diz.

Ela conheceu o projeto em uma palestra ministrada perto de casa e desde a inscrição se esforça para participar das sessões e fazer os exercícios que aprende. Antônia está na quarta semana sem os cigarros. "Eu já consigo respirar melhor. Minha fisionomia está bem melhor e minha autoestima está muito boa. A gente pensa que é só mais um (cigarro) e que não vai dar em nada, mas depois é que a gente vê que estava agindo muito errado", conclui.

Projeto

Essa consciência surgiu para a dona Antônia com a equipe formada por médico, enfermeira e agentes comunitários de saúde. Metade dos outros pacientes atendidos já conseguiu interromper o uso do cigarro, e 45% reduziram o consumo em, pelo menos, 50% da quantidade anterior, como apresenta o médico Isaac Prado, responsável pelo trabalho desenvolvido por uma equipe multidisciplinar. Os resultados positivos no Posto de Saúde Luís Franklin Pereira são apresentados no III Simpósio Multidisciplinar Franco-Brasileiro de Câncer de Pulmão, realizado entre 17 e 19 de fevereiro, na Universidade de Fortaleza.

"Começa com encontros semanais que a gente chama de fase intensiva do trabalho. Depois, fazemos os acompanhamentos quinzenais e, ao fim de todo o tratamento, a gente continua o acompanhamento dos pacientes, só que um pouco mais espaçado, com reuniões mensais, até completar um ano de tratamento", esclarece. Fumar, como define o médico, é uma válvula de escape para muitos dos usuários que passam a apresentar sinais de abstinência como ansiedade e tremores. Assim, as práticas integrativas foram implantadas na unidade de saúde onde ele observou o aumento da demanda por tratamento contra o tabagismo.

Ele percebe uma maior procura de pacientes mulheres acima dos 40 anos. "Existem alguns pacientes que realmente precisam do tratamento farmacológico até porque isso faz parte das diretrizes do Ministério da Saúde, mas a gente consegue ótimos resultados quando o paciente tem contato com as terapias e com o tratamento farmacológico".

Entre elas está a dona de casa Leidiane Brito, de 36 anos, que iniciou o consumo de cigarros ainda na infância.

Eu tinha tosse, falta de ar, quando eu fazia alguma coisa eu ficava ofegante rápido e foi quando eu decidi parar.

Além das terapias, Leidiane começou a praticar corrida, aumentar a ingestão de água e agora percebe na pele e na resistência física os bons resultados dos dois meses sem cigarros. Para a vontade que ainda aperta, ela conta que basta se concentrar na respiração para evitar uma recaída.

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