Teto desaba e deixa 13 alunos feridos

Escrito por Redação ,
Legenda: Horas após o acidente, estudante olha a sala de aula destruída. Pais, lideranças comunitárias e funcionários da Funai denunciam que a estrutura do prédio estava comprometida
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES
Antes do acidente de ontem, Funai já havia produzido relatórios "condenando" estrutura da Escola Indígena

Um estrondo e parte do teto da Escola Diferenciada de Ensino Fundamental e Médio Índios Tapeba, em Caucaia, desabou ontem em cima de 15 alunos que assistiam aula. Com fraturas pelo corpo e cortes na cabeça, 13 estudantes deram entrada, ontem à tarde, no Hospital Municipal Abelardo Gadelha, sendo que três destes estiveram escoriações mais graves, sendo submetidos inclusive a cirurgias. Uma das adolescentes atingidas por escombros está grávida.

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Esse não é o primeiro acidente, explica o técnico da Fundação Nacional do Índio (Funai), Weibe Nascimento Costa. Um incêndio, há quatro anos, poderia ter prejudicado a estrutura física que, com a fortes chuvas de ontem, penderam. "Parte do piso já afundou e há goteiras por todos os lados. Arquitetos da Funai apresentaram quatro relatórios condenando o local. Até representação ao Ministério Público Federal foi feita. Nada do Governo ajudar, vir reformar o prédio", critica.

As aulas estão suspensas, a escola "isolada" no aguardo de obras e os mais de 200 alunos temerosos de novos acidentes. Com um corte na testa, arranhões no corpo e sangue sujando a blusa, a estudante, Adriela de Oliveira, 17, ainda tremia, nervosa com o susto. "A gente estava fazendo um trabalho quando um monte de madeiras e telhas cairam. Era tanto grito e gente chorando, foi terrível. Sorte ninguém ter morrido", diz.

Consequências

No Hospital Municipal, o "vai-e-vem" de pessoas era grande. O diretor da unidade, Marcelo Vidal, explicou que os 13 feridos estavam sendo atendidos, uns realizaram exames clínicos e os demais suturavam os cortes. Tentando acalmar os familiares e doentes, a diretora da Escola, Rita de Cássia Cruz, denunciou o descaso da Secretaria da Educação do Ceará (Seduc). "Faz tempo que a gente reclamava das precariedades. Nesse período de chuva, tudo piorou. Vamos querer que reformem cada canto e sala de aula", afirma.

O líder indígena, Dourado Tapeba, estava preocupado com a saúde da sobrinha, Jessica Nascimento, 15. Segundo ele, a garota permanência internada sem previsão de alta, com ferimentos na cabeça, mãos e pés. Na sala de aula, isolada pela Defesa Civil de Caucaia, montes de entulho demonstravam o tamanho do acidente. "Não sei como não aconteceu coisa pior. Nós estamos desassistidos, faltam políticas públicas", disse.

Para o coordenador Pedro Henrique Sampaio, da Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação (Crede, a Escola em 2007 apresentou necessidade de reformas e as intervenções foram enviadas ao Ministério Público. "Em 2010, a Seduc enviou RS 15 mil para engenharia e todas as reformas foram documentadas. Estamos tomando as providências, dando suportes ao alunos e realizaremos vistoria detalhada da coberta e demais setores", frisa.

Reclamação

"A escola deve ter sido construída com material de baixa qualidade"

Dourado Tapeba
Liderança indígena de Caucaia e coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste

"É uma pena o poder público só aparecer depois da tragédia acontecida"

Weibe Tapeba
Assessor Técnico em Caucaia da Fundação Nacional do Índio (Funai)

IVNA GIRÃO
REPÓRTER
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