Terminais e viadutos viram obra de arte

Escrito por Redação ,
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Foto: Stênio Saraiva
O frio das peças de concreto, boa parte pichada e mal conservada, que formam a estrutura de terminais e viadutos de Fortaleza estarão se transformando em obras de arte em estilo de grafitagem nos próximos dias. Pelo menos é o que está previsto para os terminais da Parangaba e Papicu e o viaduto da Avenida Mister Hull, que fazem parte de um projeto piloto que integra o Programa Fortaleza Bela. Ao todo o projeto não sairá por mais de R$ 20 mil e contará com tintas e materiais de manutenção cedidos pela Ettusa.

Grafiteiros ligados ao movimento Hip Hop estiveram, na tarde de ontem, visitando e pesquisando formas de valorizar os espaços do projeto piloto junto com a artista Maria Bonomi. Italiana radicada no Brasil, com doutorado em Arte Pública pela Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), ela tem experiência como gravadora, cenógrafa e curadora e está prestando esta consultoria rápida, tendo apenas as despesas de hospedagem e transporte pagas pela Prefeitura de Fortaleza.

A idéia é que os próprios grafiteiros de Fortaleza definam os temas a serem gravados nas paredes, pilastras e tetos dos espaços públicos, bem como os traços. Da conversa com Maria Bonomi vieram sugestões de apostar no traço dos desenhos de literatura de cordel, a exemplo da xilogravura, como lembrou Tubarão, um dos grafiteiros que é ligado ao Movimento MH2O.

“Quem está nos terminais não quer estar ali. Tem ânsia de ir para casa. Vamos tentar retratar essa realidade e também a violência presente nos terminais, como nos dias de jogos de futebol”, vai imaginando Tubarão, já enxergando pronto um trabalho que deverá começar nesta segunda-feira, reunindo cerca de 20 grafiteiros, além de voluntários.

“Arte pública é provocar um desvio do olhar. É transformar o olhar das pessoas, é agregar valor aos espaços. É promover uma alívio do território. Não é uma simples decoração do espaço público. A arte pública é uma forma de arte contemporânea que se faz coletivamente, que apresenta vínculo social. É um gesto de troca”, explica a artista Maria Bonomi.

OUTRA PAISAGEM - “A paisagem vai se transformar em tela de artes plásticas. Vamos ter uma galeria ao ar livre. É assim que a cidade toda deveria ser. A arte não pode ficar só na sala de aula”, diz o pesquisador e guia turístico Francisco Benedito de Sousa, que costuma freqüentar o Terminal da Parangaba. Nos olhos primeiro a curiosidade de saber o que tanta gente foi fazer no terminal e, depois, a expectativa de ver o projeto concluído.

E é dentro deste sentido que a Prefeitura pretende despertar na população o zelo pelo patrimônio público, como esclarece o assessor de políticas públicas da Prefeitura, Afonso de Sousa. Ele revela que a intenção é ir além do projeto piloto e estendê-lo para todos os terminais e viadutos da cidade. “Haverá uma realocação de verbas para recuperar vias e, num segundo momento, os grafiteiros irão receber mais do que a simples ajuda de custo pelo seu trabalho”.

A artista italiana se reunirá hoje com a prefeita Luizianne Lins para relatar a experiência de ontem.

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