Tartarugas encalhadas no Ceará têm aumento de 13%

Escrito por Redação ,

Principal causa é o lixo e a pesca incidental; a maioria desses animais morre por agravamento dos problemas de saúde

Praias de Fortaleza, como a Praia do Futuro, Serviluz e Titanzinho têm se tornado ponto de desova de tartarugas marinhas, mesmo sem contar com qualquer proteção ou fiscalização oficial. Em todo o Ceará, o número de tartarugas encalhadas é bem maior do que o da Capital. Em 2011, foram recolhidos 168 animais em Itarema, Acaraú e Fortaleza. Já em 2012, foram cerca de 190, o que representa um aumento de cerca de 13%.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

É preocupante a situação das tartarugas marinhas jovens e adultas que encalham na costa. De acordo com o analista ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (Ibama), Alberto Klefasz, somente em 2012, foram recolhidos 25 animais na Capital. E a maioria morre, em consequência do agravamento dos problemas de saúde.

No último dia 7 de janeiro, o Diário do Nordeste divulgou matéria sobre o nascimento desses animais no Serviluz. Sem o acompanhamento das autoridades, os filhotes de tartaruga contam com a ajuda da população para voltarem ao mar. Além dos filhotes, também há registro de uma tartaruga que encalhou e, como não foi resgatada pelo Ibama, ficou sob os cuidados do proprietário da Escola Beneficente de Surf Titanzinho.

No Estado, a entidade responsável pela recuperação dos quelônios é o Projeto Tamar, que integra o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade, vinculado ao Governo Federal.

Ameaças

A mortalidade dos animais recolhidos também é alta. Segundo o analista ambiental do Ibama, chega a 60% dos casos. "Essas tartarugas geralmente estão com alguma obstrução no aparelho digestório, causada por terem ingerido lixo com as algas. Se elas não conseguirem expelir esse material, não se alimentam mais e morrem", explica.

Além do lixo, a pesca incidental também faz com que as espécies de tartaruga sofram ainda mais riscos de extinção.

"A pesca incidental é o maior problema na preservação dessas tartarugas marinhas. Isso porque o pescador, ao usar a rede de arrastão pode pegar, acidentalmente, uma e por saber que não podem ser pescadas, jogam outra vez o animal no mar, o que ocasiona a morte por afogamento", explica o coordenador regional do Projeto Tamar no Ceará, o engenheiro de pesca Eduardo Lima. Para ele, o aumento de animais recolhidos no Estado tem forte relação com a crise na pesca da lagosta. "Como está difícil pegar lagosta com os manzuás, muitos pescadores estão voltando a pescar com as redes e também aprisionam as tartarugas nesses instrumentos, causando morte nos animais, seja por afogamento ou por ferimentos mais graves", afirma.

Tratamento

Em Fortaleza, as tartarugas recolhidas recebem os primeiros socorros no Centro de Triagem de Animais Silvestres, vinculado ao Ibama. Caso não respondam ao tratamento, são transferidas para a sede do Projeto Tamar, na Praia de Almofala, em Itarema.

"Cerca de 70% a 80% dos casos atendidos por nós são motivados pela ingestão de lixo, já que as sacolas plásticas, garrafas pet e outras embalagens são facilmente confundidas pelas tartarugas com as algas, alimento de várias espécies", ressalta o analista do Ibama.

Em 2013, o órgão já recolheu um quelônio, no último dia 5 de janeiro, na Praia do Titanzinho. A tartaruga foi para o Centro de Triagem, onde recebeu os primeiros socorros. De acordo com Alberto Klefasz, ela estava bastante debilitada, pois, como ingeriu lixo, ficou vários dias sem se alimentar.

No traslado de Fortaleza até a cidade de Itarema, onde fica o Projeto Tamar, distante 204 Km da Capital cearense, o animal é levado em cima de uma espuma ou outra superfície macia, para prevenir traumas, e é envolto em panos úmidos, para evitar que o animal desidrate.

"As tartarugas não podem ser transportadas em tanques, porque, por terem respiração pulmonar, podem se afogar com o chacoalhar do veículo", esclarece o analista ambiental.

Recuperação

190
tartarugas foram recolhidas no Estado no ano passado. Já em 2011, este número foi 168. O Projeto Tamar é responsável pela recuperação destes animais

70% destes animais atendidos pelo Ibama ingeriram lixo, afirma analista ambiental. Os bichos confundem sacolas plásticas e garrafas pet com algas marinhas

KELLY GARCIA
REPÓRTER

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