Suspensão de internações eletivas é cogitada no Hospital da Mulher

Um documento assinado pelo diretor clínico do Hospital da Mulher circulou na sexta-feira (10) e informou a interrupção das internações eletivas. Prefeitura descarta validade do documento e o classifica como “erro de divulgação”.

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: As únicas cirurgias mantidas seriam as traumatológicas e as eletivas de pacientes com câncer
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

Um comunicado interno assinado pelo diretor clínico do Hospital e Maternidade Dra. Zilda Arns Neumann (Hospital da Mulher), em Fortaleza, Amaury de Castro e Silva Filho, datado da última sexta-feira (10), informa aos funcionários da unidade a suspensão, por tempo indeterminado, dos internamentos de caráter eletivo na unidade. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) alega que, embora essa possibilidade esteja em estudo, a divulgação do documento é avaliada como “um erro” da direção clínica e a decisão não está em vigor. 

Segundo o comunicado, a interrupção é devido à necessidade de disponibilização de leitos do Hospital da Mulher para pacientes oriundos do Hospital Distrital Maria José Barroso de Oliveira – Frotinha Parangaba, tanto os cirúrgicos quanto os clínicos. Isto porque a unidade na Parangaba passará por uma reforma em caráter urgente. 

O comunicado oficial é direcionado ao ambulatório, ao Centro Cirúrgico e às coordenações de Clínica Médica, de Cirurgia Geral, de Traumatologia e de Anestesiologia do Hospital da Mulher. Conforme o documento, a medida deveria ser adotada tendo em vista a demanda da Coordenação dos Hospitais e Unidades Especializadas (Cohes) de que o Hospital da Mulher sirva de suporte à rede quando necessário e, no caso específico, diante da demanda do Frotinha da Parangaba que, com a obra, terá setores interditados. 

Impactos 
O documento informa ainda que as únicas cirurgias mantidas seriam as traumatológicas e as eletivas de pacientes com câncer. O presidente do Sindicato dos Médicos, Edmar Fernandes, avalia que, caso a medida entre em vigor ela deverá afetar pacientes que, por exemplo, careçam de internação devido a pneumonias, além dos que necessitam de cirurgias eletivas em decorrência de problemas abdominais ou na vesícula, no fígado, no baço, na laringe, na faringe e pacientes colostomizados. 

“O Hospital da Mulher já virou referência. E a reforma do Frotinha da Parangaba está sendo aguardada há mais de 10 anos. Mas, não se pode tomar uma decisão desse tipo sem aviso prévio. Sem estudo. Até porque, para onde esses pacientes vão? Ainda bem que tiveram a preocupação de não suspender as cirurgias de câncer”, ressalta Edmar.

O médico também informa que a decisão surpreende quem vem acompanhando a situação da unidade, que desde o fim do ano passado está no centro de uma discussão sobre a mudança no formato de gestão. 

Questionada sobre o documento, bem como sobre os possíveis impactos desta decisão, a SMS informou, através da assessoria de comunicação, que não há nada resolvido em relação ao assunto. De acordo com a pasta, a suspensão das internações eletivas no Hospital da Mulher é uma possibilidade cogitada para dar vazão aos atendimentos no Frotinha durante a reforma.

Contudo, ressalta a SMS, não deveria ter sido divulgada pois, segundo informação do coordenador de Hospitais e Unidades Especializadas de Fortaleza, Romel Araújo, repassada à assessoria, tal decisão não foi oficializada. Portanto, o documento não tem validade. A Secretaria disse ainda que outras alternativas estão sendo estudadas para garantir os atendimentos durante as obras. 

Inaugurado em 2012, o Hospital da Mulher tem 201 leitos de internação, sendo 173 para permanência e 28 leitos transitórios. A Unidade não tem emergência e, por isso, as usuárias atendidas são referenciadas dos postos de saúde, das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e de outros hospitais, como o Instituto Dr. José Frota (IJF). O orçamento mensal do hospital é cerca de R$ 8,7 milhões.

Desde outubro de 2018, tramitava na Câmara Municipal o Projeto de Lei 513/2018 que altera a gestão das Organizações Sociais (OS) em saúde, esta proposta abre a possibilidade de o Hospital da Mulher ser administrado por uma OS.

O projeto foi aprovado em março deste ano. Na prática, isto significa que, por exemplo, o Hospital da Mulher, caso seja administrado por uma OS, permanecerá público, mas o Município concederá a uma entidade de direito privado, sem fins lucrativos, o poder de gerenciar a unidade hospitalar. Dessa forma, a gestão direta não será mais realizada pela própria Prefeitura. 

Reforma
Em relação ao Frotinha, conforme publicado pelo Sistema Verdes Mares, segunda-feira (13), o coordenador de Hospitais e Unidades Especializadas de Fortaleza, Rommel Araújo, informou que, até 2020, todos os três Frotinhas estarão reformados na Capital. 

De acordo com ele, o da Parangaba deve começar a ser reformado “em junho ou julho”. A projeção é de ampliação da emergência e do centro cirúrgico. Na unidade, conforme a reportagem, embora não haja superlotação, a estrutura física está visivelmente comprometida, com piso rachado, teto com mofo, instalações elétricas improvisadas e enfermaria amontoada, sem divisão por gênero. 

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