Reparos em iluminação pública lideram solicitações em Fortaleza

Até junho deste ano, 37.216 pedidos de manutenção em postes de iluminação foram registrados na Central 156. Ataques criminosos e quadra chuvosa elevaram a demanda por este serviço na Capital

Escrito por Felipe Mesquita , felipe.mesquita@verdesmares.com.br
Legenda: A reclamação que lidera a Central 156 é iluminação pública. Nos seis primeiros de 2019, já foram contabilizadas 37.216 solicitações de manutenção na iluminação pública de Fortaleza
Foto: FOTO: TUNO VIEIRA

A solução para a falta de luz no poste instalado em frente à casa do professor Bruno Fernandes, 29, na Aldeota, tornou-se concreta somente após oito insistentes ligações. O problema, inclusive, é a queixa mais recorrente na "Central 156", ferramenta da prefeitura de Fortaleza para denunciar casos de descarte irregular de lixo em locais inapropriados, solicitar manutenção de iluminação pública e recuperação e pavimentação de vias. Foi por meio desse canal que ele pediu o reparo.

É que nos seis primeiros meses deste ano, já foram contabilizadas 37.216 solicitações de manutenção na iluminação pública de Fortaleza. Em igual intervalo, o canal de denúncias ligado à Secretaria de Conservação e Serviços Públicos (SCSP) registrou também outros dois tipos de demanda, ainda que em menor escala: pedidos de limpeza urbana somaram 6.028, enquanto de recuperação e conservação de vias, 3.124. Juntos, os três serviços totalizam 46.368 ocorrências.

Para efeito de comparação, o valor tabulado em 2019 já representa 55,1% de todo o acumulado de 2018, quando 84.084 solicitações chegaram à central de atendimento. Apesar de o número atual equivaler a mais da metade das queixas feitas no ano passado, o coordenador especial de iluminação pública da SCSP, Alfredo Serejo, acredita que a "tendência é diminuir" em virtude do fim dos ataques criminosos registrados em janeiro e também da quadra chuvosa, que implicaram diretamente no aumento dos protocolos de pontos apagados.

Fatores

"No início do ano, vários postes foram vandalizados com tiros ou pedras. Os carros das nossas equipes tiveram dificuldade de prestar o serviço porque estavam ameaçados. Outro fator é que as chuvas dos últimos meses foram maiores que as de 2018. E quando chove, você não pode mexer na rede elétrica, então o tempo de consertar aquele ponto fica bem maior", explica, citando ainda outros motivos que provocaram o salto das demandas. "Furtos de cabo que geralmente acontecem em canteiros centrais de avenidas ou até mesmo a própria falta de energia da concessionária".

Conforme a SCSP, o tempo médio entre o recebimento da solicitação através do Canal 156 e o atendimento in loco pode variar entre 24 horas a 15 dias, dependendo da demanda. Os reparos em iluminação pública têm um tempo-resposta de 48 horas. Porém, no caso da solicitação do professor Bruno Fernandes, a resposta chegou em ritmo lento, ultrapassando o prazo estabelecido pelo órgão. Para cada ligação, uma espera de 36 horas. Ao vencer o prazo, sempre uma, duas, três... oito tentativas até, enfim, conseguir resolver a queixa.

"Foram vários números de protocolo. Enquanto isso, a gente via o perigo grande ao chegar ou sair de casa e a taxa de iluminação pública sendo cobrada normalmente", relata o professor que teve o serviço normalizado em maio último "depois de muita luta". Agora, contudo, um novo transtorno. Dessa vez, não em frente de sua residência, mas no quarteirão vizinho. "São cinco postes apagados. Eu não sei se já entraram com o 156, mas está tudo às escuras. Isso é um absurdo", lamenta.

Obrigação

Garantir a manutenção da iluminação pública passou a ser um dever das prefeituras em 2010, por decisão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Ainda assim, muitos usuários procuram a Enel Distribuição Ceará, pedindo a troca de lâmpada o que não é indicado para esses fins.

Em Fortaleza, o novo Código da Cidade aprovado na Câmara Municipal no dia 25 de junho, prevê a "ampliação e melhoria" do serviço, embora não detalhe as ações que serão implementadas. Por outro lado, o documento regulamenta a instalação de fios subterrâneos, proibindo a rede aérea em vias expressas, paisagísticas, faixas de praia e área de interesse ambiental.

A canalização dos fios pode repercutir de forma positiva na iluminação, de acordo com o professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC), Fernando Antunes. "Toda a iluminação pública e toda a instalação elétrica tende a ter mais confiabilidade. Ela é bem mais segura e confiável. A instalação aérea é sujeita a danos, a vandalismos e a canalizada também, mas fica mais difícil você cortar um fio, por exemplo. Nesse ponto, a instalação está mais protegida", explica.

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