Relatório do Inpe prevê chuvas abaixo da média

As simulações indicam que as configurações nos oceanos Pacífico e Atlântico terão impactos negativos até maio

Escrito por Redação ,
Legenda: Caso a previsão do Inpe se confirme, teremos praticamente o sétimo ano seguido de chuvas abaixo da média
Foto: FOTO: Kid Júnior

Precipitações abaixo da média em todo o Ceará. Essa foi a tendência apontada para os próximos meses pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), órgão vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em seu mais recente relatório trimestral, divulgado nesta semana.

As simulações realizadas pelos pesquisadores indicam que as configurações nos oceanos Pacífico e Atlântico terão impactos negativos tanto na pré-estação chuvosa, durante os meses de dezembro e janeiro, quanto no início da quadra de chuvas, no mês de fevereiro.

O meteorologista do CPTEC/Inpe Diogo Arsego explica que um dos fatores considerados na análise é o desenvolvimento do fenômeno La Niña no Oceano Pacífico, o qual, segundo o relatório dos órgãos, deve chegar à maturação neste trimestre. Segundo o especialista, a alteração climática encontra-se em baixa intensidade e a expectativa é que o oceano atinja condições de neutralidade até o mês de março, quadro que não será benéfico para ocorrência de precipitações no Estado.

No Oceano Atlântico, conforme Arsego, as previsões também apontam para cenários desfavoráveis. "O Oceano Atlântico Tropical Norte ligeiramente mais aquecido que o Sul. Essa condição, para o Nordeste, é prejudicial em termos de chuva, porque as Zonas de Convergência Intertropical acabam ficando mais ao Norte do que o normal. Essas zonas são responsáveis pela chuva em boa parte do Nordeste", afirma Arsego.

Com base nos dados observados, o meteorologista destaca que as precipitações devem ficar abaixo do normal, em especial na pré-estação chuvosa. "O Ceará deve ter, na pré-estação, precipitações mais isoladas e menos frequentes", acrescentou o especialista.

Ainda conforme o relatório do CPTEC/Inpe, apesar do prognóstico de poucas chuvas, a situação dos reservatórios no Estado deve se manter estável. O documento cita o açude Castanhão, atualmente com 2,92% de sua capacidade. De acordo com os órgãos, o volume armazenado do reservatório pode chegar a 2,5% no início de 2018, com possibilidade de aumento entre janeiro e fevereiro.

Contrapondo as projeções do CPTEC/Inpe, a Somar Meteorologia, empresa que atua no ramo de meteorologia, oceanografia e meio ambiente, prevê chuvas acima da média até o fim de dezembro em algumas regiões do Estado e dentro da média no mês de janeiro. Para a estação chuvosa, a meteorologista Maria Clara Sassaki destaca que os cenários precisam ser monitorados, mas análises iniciais apontam para precipitações significativas nos meses de fevereiro e abril e mais fracas em março e maio.

"A tendência é que a estação comece com chuva expressiva, mas isso não deve se manter no decorrer do mês de março, quando perde intensidade. Os modelos indicam que março é o pior mês e maio também será ruim. Para abril, haverá alguma chuva, tanto na primeira quanto na segunda quinzena, mas dentro da média", observa.

Imprevisibilidade

Sobre a pré-estação chuvosa, a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) afirma que os sistemas climáticos em atuação nos meses de dezembro e janeiro são de alta imprevisibilidade e projeções mais precisas só podem ser realizadas com poucos dias de antecedência. No entanto, segundo o meteorologista do órgão Raul Fritz, historicamente, as chuvas do período começam a ser registradas em maior concentração a partir da segunda quinzena deste mês.

"Isso é muito irregular, mas há uma incidência maior nesse período. A maior parte das chuvas em dezembro se concentra no Cariri. Lá, a média chega a 66mm em dezembro. Janeiro é o mês em que começam a se manifestar os primeiros sinais de chuva, pela proximidade com a estação chuvosa. A média estadual é mais alta, de 98,7mm", destaca. Já em relação à quadra chuvosa, Fritz explica que a Funceme aguarda definições sobre as condições nos oceanos para realizar prognósticos mais adequados. Contudo, ele afirma que uma das tendências observadas é que a presença do La Niña no Oceano Pacífico pode ser favorável à ocorrência de chuvas, desde que o Oceano Atlântico também ofereça características propícias.

"Por si só, o La Niña não é determinante na qualidade das chuvas no Ceará, mas pode ajudar se o Oceano Atlântico estiver com condições favoráveis. Estamos aguardando uma definição maior sobre o Atlântico, porque ele varia muito. Por isso, o primeiro prognóstico para a quadra chuvosa só será lançado em janeiro", diz.

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