Regionais I e III têm nove estações entre as mais usadas do Bicicletar

Equipamentos inaugurados em 2020, em bairros como Pirambu e Barra do Ceará, tiveram número expressivo de viagens em pouco mais de uma semana. Até o fim do ano, Fortaleza deve contar com 210 estações ao todo

Escrito por Barbara Câmara , barbara.camara@svm.com.br
Legenda: Com a instalação do Bicicletar no Pirambu, o assistente técnico Júnior Lopes passou a deixar o carro em casa
Foto: Foto: Camila Lima

Novos caminhos e possibilidades se abrem pela Capital a partir da periferia. Desde o início de 2020, estações do Bicicletar vêm sendo implantadas em bairros distantes da região central de Fortaleza. Dentre os novos equipamentos, nove chegaram ao ranking de 20 estações mais utilizadas no período do dia 29 de janeiro a 7 de fevereiro, conforme dados divulgados pela Secretaria Municipal de Conservação e Serviços Públicos (SCSP).

Os equipamentos em questão pertencem a bairros das Regionais I e III. No ranking, destaca-se a estação Areninha Vila do Mar, na Barra do Ceará, que ocupa a 4ª posição, com 417 viagens realizadas em pouco mais de uma semana. O ponto fica atrás apenas das estações Aterrinho Praia de Iracema, em 1º lugar com 904 viagens, Aterro Praia de Iracema, que teve 783 viagens, e Shopping Benfica, com 448.

As demais novas estações classificadas entre as mais utilizadas são a da Escola Estado de Alagoas, Mercado dos Peixes Vila do Mar, Igreja Cristo Redentor, Escola Flávio Marcílio, Rua Irapuã, Santa Rosa, UPA Leste-Oeste e Escola São Cura D'ars.

O uso frequente dos novos equipamentos revela a demanda crescente por bicicletas compartilhadas em áreas periféricas da cidade. De acordo com o secretário executivo da SCSP, Luiz Alberto Sabóia, embora a situação já fosse esperada, a rapidez com a qual o número de viagens cresceu foi surpreendente para a Pasta.

"Nós tínhamos certeza que essa região era propícia para o uso de bicicleta. Uma ação que potencializou bastante foi a presença de instrutores da própria comunidade em cada estação, por 15 dias. Eles explicam como funciona, esclarecem dúvidas, e isso ajudou muito a divulgar e tornar o uso mais frequente. Não fazíamos isso antes da expansão", detalha o gestor.

Tempo

Antes da instalação do Bicicletar na Barra do Ceará, o porteiro Jorge Paiva, 48, enfrentava uma viagem de aproximadamente 50 minutos, de ônibus, até seu local de trabalho no bairro Aldeota. Com a chegada da estação Areninha Vila do Mar, a poucos metros de sua casa, o percurso diário é reduzido para 25 minutos.

"Ficou muito bom, e é super prático pra usar. Eu carrego o Bilhete Único e pronto. O pessoal aqui 'tá' usando bastante, mas na semana sempre tem bicicleta. Sábado e domingo é mais difícil", revela. Ele conduz o modal até a estação Praça Luíza Távora, e traz de volta para a Vila do Mar quando seu expediente termina. "Eu ganho tempo, consigo até chegar mais cedo. Fora que também é um exercício físico, né? Mais saudável", afirma.

No Pirambu, o assistente técnico Júnior Lopes, 34, estava acostumado a percorrer o trânsito movimentado até o Bairro Dionísio Torres, de carro, para trabalhar. A realidade mudou quando ele soube da inauguração da estação Areninha Pirambu, e passou a utilizar o equipamento todos os dias. "A bicicleta é boa, tem três marchas. E está sendo bem mais econômico, sem gastar tanto com gasolina. Ficou muito melhor pra mim", relata. Ela nota que o ponto já é disputado e, às vezes, conta com a sorte. "Tem dias que eu chego e só tem uma bicicleta sobrando. É a minha", brinca.

A região em que Júnior vive é descrita pelo secretário executivo da SCSP como muito adequada para esse sistema de transporte, sendo uma das mais densas de Fortaleza. "Há uma infraestrutura cicloviária naquele eixo da Avenida Leste-Oeste. Estamos aumentando agora, implantando uma ciclovia também na Avenida Coronel Carvalho", diz.

Para o professor do Departamento de Engenharia e Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mário Azevedo, o uso de bicicletas é mais comum na periferia porque, até pouco tempo, era "uma saída para a população de baixa renda". "Depois, com o aumento de ciclofaixas, ciclovias e o próprio Bicicletar, esse meio acabou entrando na moda", diz.

Ele avalia que, em longo prazo, à medida que o sistema cubra a maior parte da cidade, é proporcionada uma maior integração entre as bicicletas e os demais meios de transporte. "É um trabalho que tem que ser feito", destaca o professor.

Expansão

Luiz Alberto Sabóia explica que a expansão do Bicicletar foi dividida em três fases. A primeira - e atual - contempla parte da região Oeste da cidade, no eixo das Avenidas Leste-Oeste, Francisco Sá e Sargento Hermínio, chegando até a Barra do Ceará. "Essa fase contempla 35 estações e atinge as Regionais I, III e Centro, com mais ou menos 18 bairros atendidos".

Em seguida, será abrangido o eixo da Messejana, na região Sudeste da Capital. "A última estação que nós temos nessa parte é no Fórum Clóvis Beviláqua, na Av. Washington Soares, então será expandido a partir daí", pontua. A iniciativa percorre os bairros Dendê e Cidade dos Funcionários, até chegar à Messejana.

A terceira e última fase se estende pelo eixo da Av. Osório de Paiva. "Temos estações chegando no Centro, Benfica, Parangaba, até o Bom Jardim. Tentaremos interligar com o que já existe nessa região, incluindo Montese, Siqueira e adjacências. Será a maior parte da expansão", afirma.

A expectativa é de que o processo de ampliação seja concluído até junho deste ano. Atualmente, o sistema conta com 105 estações. As 25 últimas foram instaladas de janeiro até agora e, até o final do ano, Fortaleza deve ter 210 equipamentos ao todo. A implantação dos novos pontos será feita com recursos arrecadados pelo sistema Zona Azul.

 

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