PV será transformado em hospital para pacientes com coronavírus

Estrutura temporária no estádio terá capacidade para 204 leitos comuns destinados a pessoas infectadas e encaminhadas pela rede de atenção. Parte deles poderá ser convertida em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), voltadas a pacientes com maior gravidade

Escrito por Nícolas Paulino/Edson Freitas , metro@svm.com.br
Legenda: Estrutura começou a ser descarregada no gramado na tarde de ontem
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

O Estádio Presidente Vargas, no bairro Benfica, em Fortaleza, terá o espaço interno adaptado para um hospital temporário, com capacidade de 204 leitos para pacientes com a Covid-19. A nova estrutura teve construção iniciada ontem, conforme anúncio do prefeito Roberto Cláudio. A previsão é que o novo equipamento esteja em funcionamento até o dia 20 de abril.

No Ceará, a Capital tem a maior concentração de casos confirmados de coronavírus, com 151 pessoas infectadas até a segunda-feira (23), de acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). Em todo o Ceará, são 164 casos registrados, com 6 em Aquiraz, 3 em Sobral, um em Juazeiro do Norte e um em Fortim. As outras duas anotações são referentes a residentes de São Paulo e Uberlândia, em Minas Gerais, que receberam o diagnóstico no Ceará.

Segundo Roberto Cláudio, o Hospital do PV terá 17 enfermarias com 12 leitos cada. Construído em base de concreto e estrutura metálica, o equipamento contará ainda com farmácia, contêineres para higienização dos profissionais de saúde e áreas de desinfecção, distribuídos numa área de 3.500 metros quadrados. Ao todo, o espaço terá 500 profissionais para atender a demanda, podendo chegar a mil, segundo a Prefeitura de Fortaleza.

Parte do material virá do distrito do Pecém, em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana. Durante a tarde, funcionários de uma empresa privada iniciaram o descarregamento da estrutura metálica no gramado do estádio.

"Inicialmente, serão leitos de internamento comum, mas com a possibilidade, caso haja disponibilidade principalmente de respiradores e de pessoal, e eventual necessidade da população, de a gente gradualmente adaptá-los para leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo)", explicou o prefeito. Segundo ele, o projeto emergencial era discutido desde a semana passada.

Caso já exista necessidade de UTI para pacientes com a Covid-19, dez novos leitos do tipo começaram a funcionar ontem, na segunda unidade do Instituto Doutor José Frota (IJF2), no Centro. Mais 24 devem estar em operação num período de sete a dez dias, segundo o prefeito. Paulatinamente, as UTIs serão abertas até as 175 de capacidade máxima do equipamento, até o mês de maio.

Conforme Joana Maciel, secretária da Saúde de Fortaleza, a Prefeitura está realizando um contrato de gestão com uma Organização Social (OS) de São Paulo, que será responsável por toda a contratação dos profissionais, além da aquisição de insumos e equipamentos, caso seja necessário. Ela não detalhou o valor do novo empreendimento.

Experiências

"A gente não está sabendo exatamente o que vai acontecer na nossa cidade. Imagino que, quanto mais leitos de UTI a gente tiver, melhor. Queremos nos prevenir. Alguns países fizeram hospitais de campanha e outros estados do Brasil já estão iniciando. A gente não quer esperar a necessidade para começar a trabalhar", considera a secretária.

Roberto Cláudio ressaltou que a população com sintomas da Covid-19 não deve procurar o PV ou o IJF2 espontaneamente. Os pacientes que porventura sejam atendidos nas duas unidades precisam ser encaminhados pelas Unidades de Pronto-Atendimentos (UPAs), Postos de Saúdes e outras Emergências Clínicas hospitalares, que são os espaços de referência para receber casos suspeitos.

O Hospital do PV "vai ampliar de forma significativa nossa capacidade assistencial e nos preparar para quando acontecer o aumento da intensidade e frequência do coronavírus na cidade, e muito provavelmente o aumento da demanda por internamento hospitalar", garante o prefeito.

A secretária Joana Maciel também ressalta que o IJF2 ainda é destinado a politraumatismo, mas, será utilizado para receber os pacientes do Estado do Ceará que necessitem de internação.

História

O Estádio Presidente Vargas foi construído em 1941 e, desde então, é palco de diversos jogos de times cearenses, além de eventos sociais e religiosos. Em 2017, a estrutura passou por reformas para adequações técnicas, de segurança e de acessibilidade. Em dias de competição, as arquibancadas têm capacidade para mais de 20 mil pessoas.

Na última sexta, os dois principais clubes de futebol do Ceará também colocaram seus centros de treinamento (CTs) à disposição do Governo do Estado para auxiliar no enfrentamento à doença. O Fortaleza disponibilizou as instalações do CT Ribamar Bezerra, em Maracanaú, que possui 10 mil m². Já o Ceará cedeu o CT Dr. Luís Campos (Cidade Vozão), em Itaitinga, cuja área é de 80 mil m².

País

No País, iniciativas semelhantes começaram a sair do papel. Em São Paulo, no domingo (22), um hospital de campanha começou a ser instalado no Estádio do Pacaembu e tem previsão de término em duas semanas, conforme a Prefeitura paulistana. A tenda de 6.300 metros quadrados terá capacidade de 202 leitos para receber pacientes com coronavírus.

O Estádio Mané Garrincha, em Brasília, também será transformado em unidade de saúde. No domingo, o Governo do Distrito Federal assinou um termo de cooperação com a sociedade que administra o estádio. Em Belo Horizonte, o Estádio Mineirão também já se colocou à disposição dos órgãos públicos.

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