Projeto instala pias para população em situação de rua no Centro

Iniciativa promovida pelo Coletivo Arruaça leva higienização comunitária contra o novo coronavírus a famílias em situação de vulnerabilidade social. Equipamentos estão montados em três pontos de Fortaleza

Escrito por Redação ,

Em busca de contribuir na prevenção contra o novo coronavírus, o Coletivo Arruaça tem montado pias móveis em pontos estratégicos do Centro de Fortaleza para assistir a população em situação de rua. Há cerca de um mês, o grupo, que já trabalha no meio social desde 2017, começou a implantar dois equipamentos de higienização com a ajuda de doações e o apoio de outras ONGs. Já a última pia foi disponibilizada no último dia 11.

Segundo o educador social e coordenador do Coletivo Arruaça, André Luis Foca, o grupo percebeu a necessidade de uma rede de apoio para a população em meio à pandemia de coronavírus. "A partir desse fato, integramos o grupo chamado Rede Rua. Essa ação das pias tem o intuito de garantir o acesso de higienização para essas pessoas. É um direito delas já, mas que em um momento como esse se torna ainda mais necessário", afirma.

Nomeado de "Mó Limpeza", o projeto tem três itens de higienização acessível localizados em ruas do Centro da Capital que beneficiam cerca de 400 pessoas diariamente. Um está na Praça do Liceu do Ceará, outro na calçada de uma loja de materiais de construção na avenida Tristão Gonçalves. Já a terceira pia é disponibilizada no Grupo Espírita Casa da Sopa, na Rua da Assunção, onde sempre que há distribuição de alimentos para a comunidade no local.

Sobre o funcionamento das pias, a engenheira e professora da UFC, envolvida no projeto, Verônica Castelo Branco, explica que o mecanismo visa, também, evitar contaminação. "E um galão de 200 litros de água sobre uma estrutura de metalon com acionamento por pedal. O uso segue a lógica de uma pia de praça de alimentação de shopping, sem contato direto, mas ali na rua, para pessoas que há muito tempo não têm esse recurso disponível", declara.

Conforme a engenheira, cada pia tem um valor variado de R$ 430 a R$ 850. Para desenvolver mais protótipos e levar mais cuidados à população em situação de rua, o grupo busca por doações através de transferência bancária. "Também arrecadamos produtos de higiene pessoal, limpeza de ambientes, roupas, lençóis, toalhas, cobertores, insumos para atendimento básico de saúde e alimentos não perecíveis".

A ação emergencial de higienização nas ruas tem a parceria entre o Coletivo Arruaça com o Instituto Compartilha, professores dos cursos de Engenharia Civil e Design da Universidade Federal do Ceará (UFC), um professor do Instituto Federal do Ceará (IFCE), Casa da Sopa e a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares.

Distribuição

O Coletivo também já promoveu ações em outras frentes no combate aos efeitos da pandemia. Segundo o coordenador André Luis Foca, já no início de março começaram a montar estratégias para atender a "demanda das ruas". "Já distribuímos centenas de quentinhas em parceria com a Marmilar, empresa de refeições que está produzindo a baixo custo e com qualidade para ajudar", conta o edutador social.

André ressalta ainda que a ideia das pias surgiu após a observação do grupo em relação às mãos das pessoas nas filas para receber. "A gente via as mãos sujas pegando na comida e ficamos pensando no alto risco de contaminação para aquelas pessoas".

Para o André, "foi muito intuitiva a decisão de colaborar" durante o momento de crise. "A gente vê a situação dessas pessoas e já dá um aperto no peito. Ainda mais com a quarentena, que alguns grupos precisaram parar de ajudar, como faziam normalmente, para se isolar em casa. Por vezes, a gente nem sabe como tiramos forças, nesse período, para poder ajudar".

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