Povos do Mar buscam espaço

Escrito por Redação ,
A falta de políticas públicas, a pesca predatória e as dificuldades em obter linhas de crédito são responsáveis pela redução de 33,3% do número de pescadores artesanais nos últimos 12 anos no Ceará. "Quando assumi a presidência da Z-8, em 2000, somamos seis mil cadastrados. Agora, são em torno de quatro mil, incluindo as marisqueiras", contabiliza o presidente da Colônia de Pescadores Z-8, Possidônio Soares Filho.


A pesca predatória é uma das questões que têm contribuído para a queda no número de pescadores artesanais nos últimos 12 anos no Ceará FOTO: ALEX COSTA

Na sua avaliação, a pesca predatória é o "crack do mar". Destrói tudo, afirma, sem nenhuma fiscalização mais efetiva. "Tudo é de forma paliativa, sem continuidade ou projeto". Hoje, aponta Possidônio, o filho do pescador não quer mais ir para o mar. Os que ficam, aprendem não a terem o peixe na mão, mas a pescar e mais do que isso, agregar valor ao seu produto e a valorizar mais do que tudo a sua arte e cultura", destaca ele.

Por esta razão, frisa, eventos como o Encontro dos Povos do Mar são fundamentais para o setor. O 2º Encontro Sesc Povos do Mar: Socialização das Práticas e Saberes das Comunidades Litorâneas é uma realização do Sesc Ceará, conta com o apoio da TV Verdes Mares e acontece de hoje até o dia 26, na Colônia Ecológica Sesc Iparana, como objetivo de promover a visibilidade e a valorização dessas comunidades tradicionais.

Na avaliação do engenheiro de pesca Antônio Pereira Júnior, os pescadores artesanais são parte da vida brasileira. Estão presentes na cultura, no imaginário, na música e na soberania alimentar do País. Ao longo da história, a pesca absorveu boa parte dos negros ex-escravos, comunidades indígenas e brancas, que são importantes pela sua presença e contribuição social, política e econômica.

No Ceará, em mais de 570 Km de costa, compreendendo 21 cidades, o litoral é fonte de cultura e de sobrevivência de centenas de comunidades de pescadores, artesãos, quilombolas e etnias indígenas.

Experiências

Para o presidente da Colônia de Pescadores Z-8, o encontro é louvável, pois é necessário debater as questões mais contundentes do setor, como as discussões em torno do meio ambiente e sustentabilidade; trocar experiências e mostrar o artesanato, cantos, danças, brincadeiras e gastronomia. Ele adianta que do Encontro dos Povos do Mar sairão pontos para elaboração de pauta para o Fórum Municipal de Pesca Artesanal, que ocorrerá nos dias 18 e 19 de setembro, no Cuca da Barra do Ceará.
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