Palestra sobre segurança viária debate a percepção de riscos

Representantes da Global Road Safety Partnership -Parceria pela Segurança Viária Global, em inglês - e da Bloomberg Philanthropies comentaram os comportamentos no trânsito e o papel da fiscalização em prol da segurança

Escrito por Redação ,
Legenda: Durante a palestra, foi destacado o papel da fiscalização em moldar as atitudes e comportamentos dos condutores no trânsito
Foto: FOTO: NAH JEREISSATI

Cada vez que nos colocamos nas vias, estamos expostos ao perigo. Caso fosse inteiramente compreendido pela população, esse fato seria responsável pela mudança de hábito de condutores e pedestres e garantiria um trânsito mais seguro. Foi o que defendeu a gerente mundial da Global Road Safety Partnership (GRSP), Judy Fleiter, durante palestra sobre segurança viária, ontem (6), na Universidade de Fortaleza (Unifor).

"De forma geral, nós não entendemos o conceito de risco. Não compreendemos as implicações de um acidente de carro, dos prejuízos que os ferimentos de um acidente podem causar", explica Fleiter, Ph.D. Em psicologia no trânsito. Segundo ela, tais fatores não costumam ser levados em conta devido a um "otimismo" característico da maioria dos seres humanos, que impede que pensemos minuciosamente nas consequências.

Outro ponto que pode alterar a percepção de risco é o que Fleiter chama de "ilusão de controle". "Um condutor pode pensar que domina totalmente o veículo. Mas isso é só até que algo que ele nunca presenciou aconteça em sua frente. Como uma criança correndo para a frente do carro, ou um animal entrando na pista de repente. O condutor só terá uma fração de segundo para reagir no momento".

Comportamento

A gerente ressalta que a fiscalização desempenha um papel decisivo na mudança de atitude e comportamento por parte da população, em prol de um trânsito mais seguro. Em 2017, Judy Fleiter esteve em Fortaleza para o primeiro Fórum do Observatório de Segurança Viária, e aponta que a Capital passou por mudanças positivas desde então.

"O que mudou foi que não havia foco em coletar informações sobre o trabalho da Polícia em fiscalizar. Também não era clara a necessidade de focar nos fatores de risco comportamentais, como colocar um capacete corretamente, ou o cinto de segurança. E a importância de não pegar a estrada após consumir álcool. Hoje, isso é muito mais claro", diz. Para ela, toda cidade pode melhorar, mas Fortaleza fez "um excelente trabalho".

Durante o evento, foram colocados como tópicos de discussão a necessidade da fiscalização, e qual o papel da Polícia Rodoviária. Participantes argumentaram que o poder público precisa investir fortemente no processo educativo, uma vez que, sem a educação, respeita-se a lei apenas pela perda de um valor monetário, não pelo reconhecimento da importância da segurança.

"Quando você é justo com o condutor, ele entende por que está sendo fiscalizado. O papel dos agentes é muito mais que autuar, é preservar vidas", afirma André Correia, coordenador de fiscalização da Bloomberg Philanthropies, que conduziu a palestra em parceria com Judy Fleiter.

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