Três meses após o aparecimento de manchas de óleo, vestígios do material ainda são encontrados no CE

Mar poluído, tartarugas mortas e pessoas intoxicadas estão entre os impactos do material de origem ainda desconhecida

Escrito por Redação , metro@verdesmares.com.br
Legenda: Ao todo, 22 toneladas de resíduos foram recolhidos de 29 localidades em 16 municípios, segundo o balanço da Semace.
Foto: FOTO: NATINHO RODRIGUES

Há exatos três meses as primeiras manchas de óleo começaram a se espalhar pelo litoral cearense afetando fauna, flora e marcando banhistas. Já foram 37 pontos afetados pelo material identificado como petróleo cru - seis deles ainda permanecem com vestígios do óleo -, como aponta o boletim mais recente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

Ainda estão com vestígios de óleos os pontos identificados como Praia do Diogo, Praia da Sabiaguaba, Praia do Cumbuco em dois pontos, Praia do Pecém e na Lagoinha, no relatório do Ibama. Um dos motivos de preocupação para ambientalistas está na desova das tartarugas que acontece na Sabiaguaba, por exemplo, e que podem ser impedidas de chegar ao mar caso tenham contato com o óleo.

Pelo menos 17 tartarugas foram encontradas com óleo nas praias, entre 1º de setembro e 9 de novembro, em que apenas uma foi resgatada com vida, conforme a organização não-governamental Instituto Verdeluz. Neste mesmo período, 76 encalhes de tartarugas foram acompanhados pelos voluntários que acompanha as quatro espécies presentes no Estado.

Três pessoas foram notificadas por intoxicação decorrente do contato com o óleo neste período, conforme a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Um dos casos foi confirmado em Fortim, na região norte, e outros dois estão sob investigação em Aracati, município vizinho. Os pacientes estão bem e sendo monitorados pelas células de vigilância epidemiológica.

Boletim

Cerca de vinte praias em Fortaleza estão próprias para banho, de acordo com o boletim de balneabilidade divulgado na última sexta-feira (29) pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace). Sete pontos foram considerados impróprios para a permanência de banhistas. A Praia do Futuro, na zona leste da Capital, é considerada como a mais favorável para as atividades de esporte e lazer, com dez das onze praias analisadas próprias para banho.

Há duas semanas, no entanto, não surgem novas manchas no Estado, segundo aponta o superintendente do órgão, Carlos Alberto Mendes, apesar do monitoramento permanecer de forma constante. "É o maior período sem o surgimento de novas manchas desde que as primeiras apareceram, no mês de setembro". Ao todo, 22 toneladas de resíduos foram recolhidos de 29 localidades em 16 municípios, segundo o balanço da Semace. 

O indicativo de não haver mais manchas no mar, ainda conforme Mendes, pode acontecer com o surgimento das ondas de Swell, que devem acontecer entre os meses de dezembro e março. "São ondas onde há uma dissipação muito grande de energia e têm capacidade de propagação até a costa. Então elas são muito fortes e se houver ainda manchas de óleo submersas há a possibilidade delas serem trazidas por essas ondas", afirma. 

Como forma de analisar os impactos sobre os peixes e os frutos do mar foi elaborado o Plano de Monitoramento do Pescado Capturado no Litoral apresentado na Secretaria do Meio Ambiente (Sema). Assim, serão observados durante seis meses, peixes, sururus e camarões em nove localidades do litoral cearense que foram afetadas pelo óleo.

Além da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) e do interior também receberão equipes para avaliar os animais: Acaraú, Aracati, Barroquinha, Caucaia, Cascavel, Fortim, Icapuí, Paracuru e Sabiaguaba, que foram contaminados pelo óleo. Nestes locais, agentes do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) e do Instituto Terramar farão coletas de peixes como sardinha, serra, ariacó, além de sururus e camarões.

A Sesa tem realizado monitoramento diário para identificação de casos junto às Coordenadorias Regionais de Saúde e unidades de saúde próximas às áreas afetadas pelo óleo. Além do monitoramento, há reuniões semanais com os Centros de Operações de Emergências em Saúde (COE) do Ceará e do Ministério da Saúde e participação no grupo técnico de avaliação sobre os impactos do derramamento do óleo, da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará.

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